segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PENSAMENTO EM BUSCA



AMOR de todo o amor, tu conheces as vacilações que nos paralisam e nunca desistes de cada uma e de cada um de nós… Saibamos viver na tua confiança infinita.




grão de mostarda

sábado, 14 de dezembro de 2013

Escutar o Amor



ESCUTAR O AMOR…




Dois seres humanos estão, nesta semana, sob a atenção do mundo inteiro. Nelson Mandela e Francisco, o bispo de Roma.


A morte do líder sul-africano, cujo funeral se realiza domingo, emocionou o mundo inteiro. A sua atitude perante os responsáveis pelo apartheid, o caminho de reconciliação que percorreu em cada momento, dentro e fora da prisão, ficará gravado no coração de todas e de todos os que desejam uma Terra mais amável para cada ser humano. A nomeação feita pela TIME, conhecida ontem, do Papa Francisco como figura do ano significa o reconhecimento da sua nova maneira de exercer a comunhão universal entre os católicos e a sua abertura, não apenas aos crentes de outras confissões, mas também a todas as mulheres e homens de boa vontade.


Quando, em 1964, Nelson Mandela foi condenado a prisão perpétua com mais 156 membros do ANC, em pleno tribunal declarou: “Desejei o ideal de uma sociedade livre e democrática, na qual todas as pessoas convivam em harmonia e com igualdade de oportunidades. Espero poder viver para defender e alcançar este ideal. Mas se for necessário, é uma aspiração pela qual também estou disposto a morrer”. 


Esta sociedade fraterna e reconciliada foi ele que a construiu, a partir de 1990, depois de ser libertado e se tornar Presidente da África do Sul. Ao Delegado da Cruz Vermelha para a África, Jacques Moreillon, que o visitou seis vezes na prisão de Robben Island, disse um dia: “O ódio não serve para nada. É um sentimento de autodestruição, porque apenas magoa e fere aquele que odeia e não aquele que é odiado” (*). As palavras dirigidas aos juízes e as que confidenciou na sua cela a Moreillon já revelavam o ser humano que, sem ressentimentos, entregou toda a sua vida à construção de uma sociedade mais justa e fraterna.


Um apelo genuíno à fraternidade universal é precisamente o tema escolhido pelo bispo de Roma para a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 janeiro de 2014). 


“(…) no coração de cada homem e mulher, habita o anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.” Estas palavras iniciais da mensagem constituem um apelo: só faz sentido o ser humano viver de acordo com um plano de harmonia fraterna que, conforme o Papa Francisco enuncia ao longo do seu texto, deverá ser integrado em todos os sectores da convivência social – a política, a economia, a busca da paz, a perseveração da natureza, a rejeição da corrupção e a eliminação da pobreza…


“Há necessidade que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada”, propõe Francisco, como convite a uma mudança de coração que possibilitará um novo modelo de vida pessoal; será sempre impossível uma reconversão das estruturas políticas e sociais enquanto, cada um e cada uma de nós não estiver convicto da urgência de uma Humanidade mais humanizada. E esta decisão, sublinha o bispo de Roma, “implica tecer um relacionamento fraterno, caracterizado pela reciprocidade, o perdão, o dom total de si mesmo.” A concretização deste projeto pode ser alimentado no exemplo de vida comprometida de Nelson Mandela com a defesa da dignidade humana.



(*) ver semanário EXPRESSO do passado dia 7 Dezembro.





grão de mostarda