segunda-feira, 30 de junho de 2014

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

a reflexão de Álvaro Carvalho sobre crianças institucionalizadas (mais de oito mil em Portugal), colocou-nos a pergunta: por que existem crianças institucionalizadas? (ver ANEXO). Não há somente uma “razão”, mas múltiplas e que entre si se cruzam… Mas todas elas nascidas de situações de profunda dor, pela inexistência de afectos.

Recentemente, amigos nossos fizeram-nos chegar um texto do psicólogo brasileiro Arthur Nogueira, no qual se reconhece: “A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos mais os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, não vemos os chefes a elogiar o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos a elogiar-se…”

O elogio – a palavra boa, o falar com bondade – parece ter desaparecido… por falta de confiança. A confiança na vida, em nós próprios e nos outros (a partir da família) é fermento e chama que alimentarão e iluminarão o que dá sentido ao nosso viver: o amor. Talvez algumas das pessoas que vivem a falta de confiança, o (des)amor são das nossas famílias, nossos companheiros de trabalho, vizinhos…

Fraternalmente,
grão de mostarda

DA FALTA DE AMOR…



Mais de oito mil crianças, no nosso país, estão institucionalizadas. Ou seja, isto significa que vivem retiradas do seu ambiente natural familiar… Esta realidade levou-me a trazer à nossa reflexão excertos de um trabalho realizado por duas psicólogas, Marta Oliveira e Cristina Camões, intitulado: “As crianças Institucionalizadas – o outro lado da sociedade”.


“A família é a primeira etapa de socialização da criança, é o contexto educativo onde aprende e sente as normas, valores sociais, culturais e valores emocionais. A família é uma base de aprendizagem, que produzirá na criança um processo de desenvolvimento cognitivo, sensorial, motor e afectivo. Na medida em que ‘A vida familiar é a nossa primeira escola de aprendizagem emocional’ (Goleman, 1995).


Reflectindo sobre o tema leva-nos a achar que as crianças institucionalizadas são privadas do seu espaço subjectivo, dos seus conteúdos individuais, da realidade dos vínculos afectivos. São despojadas de experiências sócio psicológicas da normalidade infantil. A sensação é de vazio, a dor, às vezes a indiferença, ou a perplexidade. São filhos da solidão… o sonho destas crianças é terem uma mãe e um pai.
 E por não entenderem bem as angústias do mundo, a sua personalidade está cheia de contradições.”
 

Também um recente estudo da Escola de Psicologia da Universidade do Minho – “Desorganização e Comportamentos Perturbados de Vinculação num grupo de crianças portuguesas institucionalizadas” – salienta que aquelas crianças têm dificuldade em criar laços afectivos com quem cuida delas, apontando que a solução está em alternativas de cariz familiar, nomeadamente a adopção.




Álvaro Carvalho




terça-feira, 24 de junho de 2014

PENSAMENTO EM BUSCA



“Jesus disse: Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” (Mateus, 21 e Lucas 12, 34)
Jesus sublinhou que o nosso coração só se fixará no tesouro que desejarmos encontrar. Poderemos alimentar um desejo somente pelo desejo ou procurar encontrar satisfação em “coisas”, mas logo experimentaremos a necessidade de novos desejos e de mais “coisas”. E habitar-nos-á uma permanente inquietação, o oposto da felicidade…


Ilustração: John William Waterhouse

grão de mostarda