domingo, 6 de dezembro de 2015

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,
uma palavra, não apenas pouco escutada, mas sobretudo não desejada... Uma “palavra FORTE”: perdão. Cândida Bessa, com um poema do bispo católico Pedro Casaldáliga, evoca-nos que a Paz verdadeira, só é possível pelo perdão: “tanto é ‘Shalom’ como ‘Salam’, perdão, retorno, abraço…”.

De Cândida Bessa guardamos a sua amável e inesgotável generosidade. Com ela, integrados num grupo informal de cristãos de tradição católica, dialogamos mensalmente, em Fiães (a sul do Douro, questões da Humanidade.
Com estima fraterna,
grão de mostarda

DE UMA PALAVRA FORTE…




 


SOMOS INUNDADOS com tanto sofrimento à nossa volta e no mundo, que a palavra FORTE que me surge é PERDÃO. Pelo tempo em que não amamos, pelos que fazem o mal, pelos que colaboram com o mal, pelos que incentivam o mal, e pelos que acham que tudo o que acontece é sempre com os outros e por causa dos outros. É urgente humanizar os corações, abrir as mãos, os braços e ir ao encontro."...Que nunca me falte a estrada que me leva e a força que me levanta o amor que me humaniza e a razão que me equilibra o pão de cada dia e o verso de cada poema...", afirma Lou Witt. E termino esta reflexão com “A Paz inquieta”, de Pedro Casaldáliga.

Cândida Bessa


A Paz inquieta

Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta
que denuncia a paz dos cemitérios
e a Paz dos lucros fartos

Dá-nos a Paz que luta pela Paz!
A Paz que nos sacode
com a urgência do Reino.
A Paz que nos invade,
com o vento do Espírito,
a rotina do medo,
o sossego das praias
e a oração de refúgio.

A Paz das armas rotas
na derrota das armas.
A Paz do pão da fome de justiça,
a Paz da Liberdade conquistada,
a Paz que se faz “ nossa”
sem cercas nem fronteiras,
que tanto é “Shalom” como “Salam”,
perdão, retorno, abraço…

 
Dá-nos a tua Paz,
essa Paz marginal
que soletra em Belém
e agoniza na Cruz
e triunfa na Páscoa.

Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta,
que não nos deixa em paz!

Pedro Casaldáliga (*)

(*) nascido em 1928, na província de Barcelona (Espanha), este bispo católico, nomeado bispo de São Félix do Araguaia (Brasil) , em Agosto de 1971, tornou-se a figura mais carismática  de acções em favor dos direitos humanos, consubstanciadas particularmente na defesa dos “sem terra” e dos índios. Ameaçado de morte e perseguido pela ditadura brasileira, Casaldáliga, actualmente com a doença de Parkinson, é defensor da denominada Teologia da Libertação.

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