sábado, 13 de agosto de 2011

ESCUTAR A VIDA

Caríssimas e caríssimos,
num dos textos do seu livro Deus só pode amar, o irmão Roger escreveu: “Espírito Santo, Espírito consolador, num mundo onde podemos ficar perturbados pelo sofrimento dos inocentes, concede-nos que sejamos para eles um reflexo da tua compaixão”. Esta intuição foi experimentada por um grupo de voluntários – promovido pelo congregação (católica) Verbo Divino –, que decidiram dar um tempo das suas férias num centro de deficientes profundos, proporcionando-lhes “uma brisa suave no rosto”, como escreve Olga Dias no texto-testemunho desta sua experiência (ver ANEXO).


AS MINHAS FÉRIAS...
O que significam para nós as férias? As férias são sempre algo muito desejado por todos. É um momento em que realmente podemos ser nós, podemos procurar o prazer de viver, viver os nossos próprios ritmos, enfim fazermos realmente aquilo de que gostamos. Há uns anos que encontrei a forma plena deste significado, quando comecei a fazer voluntariado com deficientes profundos. Nunca ansiei tanto pelas férias, como hoje em dia, nem em criança. Neste período, faço questão de levar um pouco de alegria, de levar outro ritmo, de quebrar a rotina daqueles que têm assegurados os cuidados básicos (felizmente), mas porque estão numa instituição, nem sempre podem ter toda a atenção que necessitam. Assim, nós, os voluntários, ali estamos para isso: para conversarmos, para passearmos, para mimarmos, para lhes arrancarmos um sorriso, umas vezes fácil outras vezes muito difícil, para lhes proporcionarmos uma brisa suave no rosto. Ninguém imagina como estes meninos valorizam a brisa suave no rosto... é como voltassem a respirar porque estão a maior parte das suas vidas entre quatro paredes.
Mas este voluntariado tem tantas faces, tanta riqueza... O principal são eles, os nossos “meninos” como lhes chamamos... É por eles que estamos ali, mas depois também estamos ali pelo grupo de voluntários amigos que se vai formando, pelas partilhas que fazemos à noite, sobre o dia e sobre as gracinhas de uns e de outros meninos, como se dos nossos filhos se tratassem; estamos ali pelos funcionários, verdadeiros pais e mães, que amam inteiramente aqueles meninos. Estes, sim, vivem ao serviço durante todos os dias das suas vidas. Se há mulheres e homens heróis são estes, porque é uma profissão demasiado dura, e não pode ser pelo dinheiro que recebem no final do mês (pouco mais que o salário mínimo nacional) que a mantém. Entre eles, encontramos corações que não cabem neste mundo. Testemunhei que dos seus magros salários retiram frequentemente dinheiro para lhes comprarem presentes para os mimarem os seus meninos.
Não é ao acaso que no Centro de Santo Estêvão, em Viseu, onde estive desta vez, que lemos logo no hall de entrada a seguinte frase: “Nesta casa manda o Amor”.
É realmente disto que se trata: de Amor. Nestas acções, é, sem dúvida, o Amor a maior recompensa e a maior dádiva. É a troca de Amor entre todas as pessoas, que vivem aquele momento e que estão naquele espaço, que se sente, que se respira. É isso que todos procuramos e que usufruímos.
Para mim, férias é sinónimo de amor, de recarregar as baterias dos sentimentos, de equilíbrio no dar e receber, é sentir a plenitude do meu ser.
Obrigada a todos por este meu sentir, a todos os amigos voluntários, funcionários/pais-mães e a todos os meninos lindos que são muito amados e jamais esquecidos.
Olga Carla Dias

Integra o Projecto CONFIANÇA um movimento  que acredita que a “fonte de vida é a solidariedade humana



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