sexta-feira, 13 de julho de 2012

ESCUTAR A VIDA


Caríssimas e caríssimos, 

Há um ano, Constantino Alves – que foi operário metalúrgico, sindicalista e hoje é responsável por uma paróquia católica situada no coração de um dos bairros sociais mais desfavorecidos do país, o Bairro da Bela Vista, em Setúbal – decidiu abrir um restaurante social, porque sabe por experiência solidária que metade da população que lhe é vizinha vive no limiar da pobreza...

Olga Dias, deixa-nos nesta reflexão de ESCUTAR A VIDA a impressão que lhe deixou a visita que fez ao Restaurante Social da paróquia Nossa Senhora da Conceição. Foi num domingo, na companhia amável e fraterna do padre Constantino Alves, à qual se seguiu uma refeição em casa de um casal de angolanos, no Bairro (ilegal) da Parvoíce, paredes meias com a Bela Vista e o rio Sado.

Para ficar saber mais sobre o restaurante social, mantido unicamente por voluntários, que ao fim de um dia de trabalho vai preparar e servir refeições para os mais pobres ver reportagem na SIC (http://sicnoticias.sapo.pt/724153). Escutaremos Constantino Alves a recordar-nos que os pobres têm direito a mais do que as nossas sobras.

Com estima fraterna,

grão de mostarda
  
Do AMOR que fica gravado nos corações

Ainda há cerca de um mês, foi-me concedida honrosamente a oportunidade de visitar, com uns amigos, um padre da Paróquia da Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal. O padre Constantino Alves, é uma pessoa com uma história de vida extraordinária que cumulativamente ao seu cargo de pároco, viveu e trabalhou como operário fabril, junto daqueles para quem a vida e o trabalho foram de extrema dureza.

Logo que chegámos a este local, aliás, muito bem cuidado, para meu grande espanto, constatei que, integrado na Paróquia, havia um Restaurante Social! Depois das obrigações inerentes aos seus afazeres, o nosso querido amigo guiou-nos numa visita muito interessante pela Paróquia e pelo Restaurante Social, que me abria o apetite da curiosidade, já que era a primeira vez que tinha visto e ouvido falar em tal. Esta estrutura foi criada para responder às necessidades das famílias carenciadas desta cidade, que se vê a braços com situações de pobreza muito preocupantes. As pessoas que beneficiam deste espaço são acolhidas temporariamente, depois de uma criteriosa avaliação pelo próprio pároco, por uma técnica de serviço social e uma equipa de voluntários que procedem ao acompanhamento da evolução da situação de cada utente. Aqueles cujos rendimentos, por mais pequenos que sejam, lhes permitam pagar pela sua refeição são assim responsabilizados e dignificados na sua condição. Desta forma, evitam-se situações que poderiam promover uma caridade assistencialista. Quem ali se dirige sabe que apenas se acolhe quem passa por momentos de aflição e estimulando cada um a orientar a sua vida sem depender desta ajuda.

O restaurante abre todos os dias, sábados e domingos incluídos, para jantares. As refeições são adquiridas a uma empresa, mas todo o trabalho de transporte dos contentores com a comida, serviço aos utentes, higiene e limpeza do restaurante é exclusivamente assegurado por voluntários, em regime de rotatividade. Este agradável espaço está concebido especialmente para conferir dignidade e harmonia a quem a ele recorre. Podem ainda beneficiar do restaurante pessoas não carenciadas que marquem com antecedência jantares de grupo, que pagarão um “preço de apoio”. E é este jogo entre aqueles que podem pagar, e aqueles que não o podem fazer, que sustenta e engrandece esta iniciativa. Este notável exemplo de rigor de gestão solidária faz que com o nosso amigo sublinhe, com muito orgulho, que não existe nenhuma dívida por pagar. 

É louvável o empenho, a dedicação e principalmente o amor que se vive neste local. Esta acção e muitas outras actividades, desenvolvidas nesta Paróquia, são exemplos que beneficiam e melhoram exponencialmente a vida daquela comunidade. Foi um testemunho único e um exemplo de amor ao próximo que vai ficar para sempre gravado no meu coração.

Olga Carla Dias

Olga Dias integra o Projeto CONFIANÇA, movimento que acredita que a “fonte de vida” é a solidariedade humana. 

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