quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

reiniciamos as reflexões semanais ESCUTAR A VIDA com um grupo mais alargado. À Paula Guerreiro e ao Ricardo Brochado, que já conhecemos pelas palavras que nos foram entregando, e nas quais as suas vidas e os seus compromissos se foram reflectindo, juntam-se agora a Eva e o Angel, de Oviedo (Astúrias), membros da Acción Cultural Católica Cristiana, a Cândida Bessa com quem dialogamos mensalmente questões da Humanidade, integrados num grupo informal de cristãos de tradição católica, em Fiães (a sul do Douro), e ainda a Natalia e o Breo, nossos irmãos da fraternidade de Santiago de Compostela (Galiza) da comunidade grão de mostarda.

Nesta semana, a leitura de Pablo D’Ors e do irmão Roger de Taizé recolocou-nos um desafio que persiste na experiência de “vizinhos entre vizinhos”: existimos confiadamente quando nos deixamos enamorar pelo apelo da escuta da VIDA.



ESCUTAR A VIDA É AMAR…


“Triste não é morrer, mas fazê-lo sem ter vivido.” Tomamos as palavras de Pablo D’Ors (1) para nos abrir à questão: O que é escutar a VIDA?

Os despotismos e as ganâncias, as intolerâncias e os obscurantismos, quaisquer que sejam, matam-nos a VIDA… Se esta for a pauta orientadora do nosso viver, nunca amaremos a VIDA: escolhemos estar mortos antes de morrer, ignorando assim toda a existência à nossa volta - o ciclo quotidiano da História, que torna fascinante cada nascer do sol.

Sem nunca rejeitar quantos assim se comportavam Jesus indicou-lhes o caminho de escuta da VIDA. Caminho exigente, feito de opções decisivas: “Se a tua mão ou o teu pé são para ti ocasião de queda, corta-os… Se o teu olho é razão de escândalo arranca-o…” Pois é preferível VIVER “deficiente” do que estar “morto” na VIDA, conclui Jesus (2).

Quantas vezes incompreendidas, estas palavras conduzem-nos a uma verdadeira atenção para com a VIDA, pela renúncia incondicional a qualquer decisão egocêntrica.

Desapossados da avidez individualista, amar a existência ganha agora sentido… Escutar a VIDA impulsiona-nos a abrir o olhar, a estender a mão e a caminhar numa perseverança que permite “olhar o futuro com profunda confiança”, como nos recorda o irmão Roger de Taizé (3). Existimos confiadamente quando nos deixamos enamorar pelo apelo da escuta da VIDA. 

“Quando alguém se procura a si mesmo adequadamente, o que acaba por encontrar é o mundo” (1). A entrega a este exercício predispõe-nos a estar atento a cada ser humano. Porque escutar a VIDA é AMAR…

comunidade grão de mostarda
fraternidade de Forjães

(1) “A Biografia do Silêncio”, Paulinas, 2014
(2) Ver Mateus 18, 3-9
(3) “Não pressentes a felicidade?”, Paulinas, 2014

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