segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ESCUTAR A VIDA


Caríssimas e caríssimos,

José Cláudio Ribeiro é um dos muitos mártires da atualidade. Foi morto em Maio passado, por defender a sustentabilidade da Amazónia… Na reflexão desta semana de ESCUTAR A VIDA, Olga Dias faz eco da luta daquele homem que vivia em “comunhão completa com a natureza” e que foi morto por balas disparadas pelos interesses financeiros que continuam a desrespeitar a harmonia entre a Natureza e a humanidade. No vídeo (ver ANEXO) gravado em Novembro de 2010, José Cláudio Ribeiro antecipava a possibilidade de ser assassinado… Que o testemunho deste mártir mobilize os nossos corações.

Com estima fraterna,

grão de mostarda


Corações verdes…
Recentemente li um artigo/reportagem na Pública (14.08.2011) extremamente interessante e revelador de uma investigação exaustiva sobre a morte de Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo. Quem são eles? Um casal que vivia em Ipixuna, Amazónia, em comunhão completa com a natureza. Zé Cláudio desde pequeno que viveu sempre na floresta. O pai ensinou-lhe muito e depressa percebeu que ele e a Natureza eram um só. Considerava-se um "extrativista", ou seja, extraía da Natureza tudo o que ela oferecia, sem a sacrificar. A Natureza dava-lhe trabalho, sustento, era a sua família, e ele, em tributo e agradecimento, defendia-a com a toda a sua força, coragem e amor perante a alucinante ameaça de ser destruída e devastada, em prol de interesses económicos locais e nacionais.
Denunciava tudo e todos que ameaçavam a massiva destruição da Amazónia. Encarava esta luta como uma missão, sendo que há muitos anos que tinha a cabeça a prémio, e tal como ele previu, foi morto em 24 Maio de 2011 pelos visados da sua contestação.
Depois de ler esta história de vida, decidi prestar este testemunho e homenagear estes dois amigos pela sua inigualável coragem e amor a esta causa tão nobre. As suas vidas foram caladas em favor da minha vida e da vida de todos nós. Ele próprio afirma que a sua luta era para bem da Humanidade e das gerações vindouras, para que pudessem, agora e no futuro, respirar.
E nós que fazemos? Nada? E nós aqui em Portugal o que fazemos pela nossa floresta, já que dificilmente faremos alguma coisa pela Amazónia? Deixamo-la queimar, desaparecer? Confesso que, ultimamente, os Verões aterrorizam-me. Já sei que num dia mais solarengo, as chamas vão queimar e vão perder-se milhares de “corações verdes” que nos dão tanto.
Gostaria muito que este texto surtisse algum efeito e alguma acção a quem o lesse. Apelo para que se fale sobre este exemplo, se organizem passeios, caminhadas para promover o contacto com a Natureza, da qual estamos tão afastados por premissas civilizacionais. É importante criar relação com a Natureza porque só em relação podemos conhecer, amar e respeitar. É preciso sensibilizar quem nos rodeia para este recurso, que é sem duvida um dos mais preciosos que dispomos. Afinal a Natureza é a nossa verdadeira casa.
 Segue a hiperligação da conferência que Zé Cláudio proferiu em Novembro de 2010, seis meses antes de ser morto.

Olga Dias
Integra o Projecto CONFIANÇA um movimento que acredita que a “fonte de vida é a solidariedade humana


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