domingo, 1 de junho de 2014

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

O fio condutor das nossas opções libertadoras exige-nos a consciência da razão dos acontecimentos e das situações… Assunção Bessa e José Rodrigues colocam nas nossas mãos (e nos nossos corações) um desafio: buscar o sentido da Vida, torna necessário escutar TUDO o que a envolve, TUDO o que lhe dá sentido… (VER ANEXO).

A sua reflexão sobre ABRIL leva-nos a descobrir Faustino Vilabrille, um “cidadão do mundo” das Asturias (Espanha) empenhado em gestos de humanizadores da consciência coletiva da Humanidade.

Fraternalmente,
grão de mostarda


NESTES TEMPOS QUE SÃO DE ABRIL


Em abril passado celebrámos os quarenta anos do 25 de Abril de 1974. Individualidades dos mais diversos quadrantes políticos, sociais e mesmo religiosos apareceram, nos diversos órgãos de comunicação social, a recordar os seus contributos para que, definitivamente, chegasse ao fim aquela “noite escura” que a todos envolveu e oprimiu.

Num desses programas televisivos, alguém com responsabilidades na Igreja Católica narrou, com enorme entusiasmo, a sua participação ativa em muitas das manifestações do pós-25 de Abril: foi em Rio Maior (a das ”mocas”, recordou-se), em Braga e em muitas outras… 

E interrogámo-nos: porque não terá sido convidado um dos inúmeros cristãos (leigos ou religiosos) que, no decorrer dos longos anos da ditadura, juntamente com muitos outros e das mais diversas formas, arriscaram a sua liberdade e mesmo as suas vidas, para colocar mais uma “pedrinha” naquela engrenagem, provocando assim o fim daqueles que foram tempos de terror? 

Desta primeira interrogação nasceu uma segunda: porque é que nestas situações, muitos daqueles que na Igreja Católica têm mais responsabilidades são sempre apanhados em contra-pé, apesar de serem, em princípio e na sua maioria, pessoas razoavelmente inteligentes e cultas?

Passados uns dias lemos uma belíssima reflexão de Faustino Vilabrille, que muito nos ajudou, e na qual ele defende que se alguém pensar/desejar entrar nesta dinâmica da luta pela libertação dos oprimidos deste mundo, terá de desenvolver uma tríplice consciência para que os seus atos sejam efetivamente libertadores: Consciência Histórica, Consciência Crítica e Consciência Política.

Assunção Bessa e José Rodrigues 


ABAIXO, partilhamos convosco um pequenino resumo desta reflexão

SÓ É LIBERTADOR AQUELE QUE LIBERTA A PARTIR DA REALIDADE CONCRETA

Consciência histórica: Não basta constatar a realidade e ser solidário com o sofrimento das maiores vítimas da sociedade, é necessário procurar perceber as causas reais que conduziram a esta lamentável situação. O problema é que não temos Consciência Histórica do como chegámos a esta situação, quais foram e são as causas que a geraram. Aos poderosos não lhes interessa que o povo conheça o porquê das suas dificuldades. Descobrir este processo e analisá-lo criticamente é imprescindível para compreender o cenário em que nos movemos atualmente: donde vimos, porque estamos assim e onde nos conduz esta situação. A história que nos ensinaram não foi a história do povo e do seu futuro, mas a história do poder, do triunfo dos poderosos, da grandeza dos grandes e não da miséria dos débeis.
Estudar a evolução real do povo, é essencial para conhecer o porquê da sua situação atual. É aquilo a que se chama adquirir Consciência Histórica, que não termina só em saber donde vimos, mas de descobrir também as causas pelas quais estamos agora assim, e onde nos vai conduzir este processo.

Consciência Crítica: Este processo leva-nos a tomar Consciência Crítica da situação atual, a efetuar um diagnóstico crítico do momento em que nos encontramos, a descobrir as causas e os causadores da situação que vivemos em cada momento histórico e concreto das nossas vidas. A Consciência Crítica provoca automaticamente uma mudança de atitude em todos aqueles que alcançam este nível de consciência e os coloca numa atitude de movimento e compromisso.
Os altos poderes económicos, políticos e religiosos rejeitam, não querem, que o povo tenha Consciência Crítica, porque um povo criticamente maduro não é manobrável, nem manipulável. Sabe para onde vai, sabe o que quer, e exige-o.

Consciência Política: Isto conduz-nos diretamente à Consciência Política, a assumir compromissos libertadores, que libertem, na realidade concreta, as pessoas vítimas da opressão, da injustiça, da manipulação alienante. A Consciência Política é consciência Universal, porque descobre que só a partir do compromisso de todos com todos é possível exercer a força social necessária para subverter um sistema liberal de economia de mercado que conduz todos e cada um a um ponto sem retorno.
Diante do neoliberalismo dominante do nosso tempo, é impossível ser coerente com a mensagem do Evangelho de Jesus de Nazaré sem nos movimentarmos nestes três níveis de Consciência Histórica, Crítica e Política. Em contraposição com estas três dimensões de consciência, estão as consciências Mágica, Mítica e Ingénua, tanto do agradado do poder económico-político-religioso.

Resumo de reflexão de Faustino Vilabrille.
VER: http://blogs.periodistadigital.com/faustino-vilabrille.php/2014/05/01

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