terça-feira, 22 de julho de 2014

ENCONTROS DE VERÃO GRÃO DE MOSTARDA



ENCONTROS DE VERÃO GRÃO DE MOSTARDA


“Ao Amor que te arrasta não perguntes: onde vais? Irei contigo…”

O canto do momento inicial do encontro grão de mostarda (12 Julho) convocou os nossos corações a acolher os testemunhos da Paula Vieira, de Braga, da Natalia Garcia e do Breo Fernandéz, de Santiago de Compostela…
É assim há cinco anos. De diferentes origens geográficas e espirituais, amigas e amigos que, consigo, trazem novas amigas e novos amigos. Por entre as árvores e as roseiras, encontram-se e (re)encontram-se neste “espaço em busca”, comunidade de “vizinhos entre vizinhos”…

Este ano, de fragmentos de “Os Estatutos do Homem”, poema de Thiago de Mello, e do livro bíblico de Isaías nasceu um salmo-reflexão…Construído pelas palavras daqueles dois homens, tão distantes no tempo mas de sobremaneira próximos na compreensão do sentido da Vida, o salmo introduziu-nos o tema escolhido:
NOVAS ALTERNATIVAS EM TEMPOS DE MUDANÇA
Faz sentido, por exemplo, pagar o leite mais caro que em qualquer rede de supermercados? “Sim, faz…”, respondeu Natalia à sua própria interpelação.
Além de uma melhor qualidade do que consumimos, impede-se que o produtor se veja forçado a vender a cadeias que esmagam os preços da produção. E assim se vai cortando, aos poucos, a rede que nos torna reféns de interesses unicamente gananciosos que, na sua lógica, levam o produtor a “fabricar” sem qualidade. Natalia e Breo, de Santiago de Compostela, co-fundadores de uma inovadora cooperativa de consumidores em Santiago de Compostela, revelaram-nos um novo modelo de sermos agentes de alternativas éticas; não apenas na perspectiva individualista, garantindo para si mesmo a qualidade dos produtos, mas também pela dinâmica que proporciona um novo relacionamento entre produtores e consumidores e, simultaneamente, entre os próprios produtores… Estes pequenos passos vai proporcionando novas rupturas com o sistema: a criação de um banco ético – o Banco FIARE, subsidiário de uma iniciativa social italiana – permitirá a criação de novas redes de intercâmbio, que certamente aos poucos irão romper a lógica financeira actual…

Paula Vieira, fundadora do Projecto SA, em Braga, partilhou o que, com um grupo de voluntárias e voluntários (alguns deles presentes no encontro) tem realizado desde 2003, momento em que se revelou urgente dar respostas concretas aos imigrantes ilegais e aos sem-abrigo, o drama humano então mais visível… E se actualmente ainda dão apoio em medicação, bens alimentares e refeições (confecionadas pelos próprios cooperantes da associação), estão confrontar-se com novas pobrezas, resultantes do desemprego entre famílias de classe média, o abandono social e familiar, e a falta de respostas sociais públicas… Por isso, em Setembro, iniciam uma nova etapa: ciclos de diálogo sobre distintos modelos de cidadania e ateliês de carácter prático para uma gestão do quotidiano e promoção de estilos de vida sustentáveis e mais saudáveis... Hortas verticais, aproveitando espaços vazios (varandas ou outros) das habitações? Estimular a produção da própria roupa? “Por que não?”, respondeu Paula Vieira, a quem se interrogava pelo modelo que nos exige a permanente renovação do “guarda-fatos”, para não ficar sob a mira da censura social.

E o diálogo ampliou-se com experiências outras. Quer feitas em redes informais ou em diferentes modelos de instituições. Há pessoas que vivem a bondade de coração, abrindo caminhos, onde o ser humano é recolocado no centro das suas preocupações... E as ideias soltaram-se, levando de novo entoar o canto inicial, enquanto compromisso para este tempo de mudança: “Ao Amor que te arrasta não perguntes: onde vais? Irei contigo…”

Darmos espaço ao amor que levamos dentro, no nosso coração, deixarmo-nos “arrastar” por ele, “ir com ele”. Ou seja, em TUDO VIVER A BONDADE DE CORAÇÃO…… Decisão única que precisamos fazer para construir a sociedade alternativa que no mais profundo de nós desejamos. Porque, como escutámos, “o mundo muda quando eu mudo. E somente tenho a capacidade de mudar o mundo, mudando-me a mim próprio”.



grão de mostarda


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