domingo, 7 de junho de 2015

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

nos dicionários de sinónimos, um dos antónimos para a palavra companheirismo é rivalidade… O título do ESCUTAR A VIDA desta semana não foi uma escolha do Ricardo Brochado. No final da leitura da sua reflexão, que inicia com uma afirmação felicitante – “Vou ser Pai” –, o que ecoou nos nossos corações foi: o Ricardo deseja ser o companheiro do seu filho… Do seu filho, que nascerá no próximo mês, ele quer tornar-se num companheiro da viagem de toda uma vida.

Uma viagem que ele tem consciência o “conduzirá por um trilho da mudança”, permitindo-lhe assim iniciar o processo que os irá tornar “unidos e felizes”. A isto chamámos companheirismo, uma atitude que anula a rivalidade, todas as rivalidades…

Se assumirmos também no nosso quotidiano um projecto de companheirismo, das nossas decisões “hão-de germinar novos caminhos de confiança. De uma confiança que não se transforma em aventura sem futuro, mas sim em decisões capazes de transpor os desertos da indiferença, a escassez de atitudes humanizadoras…” (*). Ou seja, uma confiança nascida do companheirismo.

Fraternalmente,

grão de mostarda

(*) da CARTA EM BUSCA 2015 – DA BUSCA DA PAZ INTERIOR
A UMA AMABILIDADE COMPROMETIDA, tema do encontro da comunidade grão de mostarda, dia 11 de Julho próximo, em Forjães.



COMPANHEIRISMO

Vou ser Pai. 


Daqui a um mês estarei imerso num mundo completamente diferente. Dizem-me. Que nunca mais vou poder fazer as coisas que gosto, que tenho de mudar a minha forma de pensar, que não poderei estar com os meus amigos como até agora, que terei uma responsabilidade extra, que serei uma pessoa mudada, que terei de pensar mais a longo prazo, que terei de fazer contas à vida, que serei eterno.

O que aprendi nos últimos meses é que todas estas considerações exteriores, bem como as aulas de preparação para o parto e paternidade merecem, como as unidades fabris, um filtro. Muito grande.

Todos somos conscientes e pensantes, e as opiniões externas são importantes, mas devemos sempre usar o nosso bom senso para poder filtrar o que nos serve. 

Não tenho dúvidas que o nascimento de um filho nos conduzirá pelo trilho da mudança, mas há algumas verdades absolutas que considero irrevogáveis.

A minha forma de ser e pensar contribuirá para a educação do meu filho, da mesma forma que a sua personalidade, quando se começar a manifestar, contribuirá para que eu tenha uma mudança de paradigma. Aprenderei com ele, mas há valores que terá que ter em conta como a amizade, o convívio, o respeito pelos seus pares quando o tiver que o ter e o direito à indignação quando assim se justificar. Tentarei que perceba que embora ele seja um ser em evolução constante, nós, os pais, também o somos. E teremos sempre o tempo para brincar e ser sérios, aprender e fazer disparates. Ter um espírito livre sequioso de conhecimento.
As mudanças na minha vida vão ser imensas, mas na dele também, é um processo de adaptação constante, que nos vai fazer unidos e felizes. 

Vou continuar a ir a concertos, a ler o que é politicamente incorrecto, a ter o trabalho que me dá prazer, a encontrar os meus amigos, a viajar, mas desta vez com um passageiro extra que vai sentir o que eu sinto de uma forma muito particular. 

A minha vida não vai acabar daqui a um mês, vai reiniciar com um novo “software”.

Ricardo Brochado

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