Caríssimas e caríssimos,
nos dicionários de
sinónimos, um dos antónimos para a palavra companheirismo é rivalidade… O
título do ESCUTAR A VIDA desta semana não foi uma escolha do Ricardo Brochado.
No final da leitura da sua reflexão, que inicia com uma afirmação felicitante –
“Vou ser Pai” –, o que ecoou nos nossos corações foi: o Ricardo deseja ser o
companheiro do seu filho… Do seu filho, que nascerá no próximo mês, ele quer
tornar-se num companheiro da viagem de toda uma vida.
Uma viagem que ele tem
consciência o “conduzirá por um trilho da mudança”, permitindo-lhe assim
iniciar o processo que os irá tornar “unidos e felizes”. A isto chamámos
companheirismo, uma atitude que anula a rivalidade, todas as rivalidades…
Se assumirmos também no
nosso quotidiano um projecto de companheirismo, das nossas decisões “hão-de
germinar novos caminhos de confiança. De uma confiança que não se transforma em
aventura sem futuro, mas sim em decisões capazes de transpor os desertos da
indiferença, a escassez de atitudes humanizadoras…” (*). Ou seja, uma confiança
nascida do companheirismo.
Fraternalmente,
grão de mostarda
(*) da
CARTA EM BUSCA 2015 – DA BUSCA DA PAZ INTERIOR
A UMA AMABILIDADE
COMPROMETIDA, tema do encontro da comunidade grão de mostarda, dia 11 de
Julho próximo, em Forjães.
COMPANHEIRISMO
Vou ser Pai.
Daqui a um mês estarei imerso num mundo
completamente diferente. Dizem-me. Que nunca mais vou poder fazer as coisas que
gosto, que tenho de mudar a minha forma de pensar, que não poderei estar com os
meus amigos como até agora, que terei uma responsabilidade extra, que serei uma
pessoa mudada, que terei de pensar mais a longo prazo, que terei de fazer
contas à vida, que serei eterno.
O que aprendi nos últimos meses é que todas
estas considerações exteriores, bem como as aulas de preparação para o parto e
paternidade merecem, como as unidades fabris, um filtro. Muito grande.
Todos somos conscientes e pensantes, e as
opiniões externas são importantes, mas devemos sempre usar o nosso bom senso
para poder filtrar o que nos serve.
Não tenho dúvidas que o nascimento de um
filho nos conduzirá pelo trilho da mudança, mas há algumas verdades absolutas
que considero irrevogáveis.
A minha forma de ser e pensar contribuirá
para a educação do meu filho, da mesma forma que a sua personalidade, quando se
começar a manifestar, contribuirá para que eu tenha uma mudança de paradigma.
Aprenderei com ele, mas há valores que terá que ter em conta como a amizade, o
convívio, o respeito pelos seus pares quando o tiver que o ter e o direito à
indignação quando assim se justificar. Tentarei que perceba que embora ele seja
um ser em evolução constante, nós, os pais, também o somos. E teremos sempre o
tempo para brincar e ser sérios, aprender e fazer disparates. Ter um espírito
livre sequioso de conhecimento.
As mudanças na minha vida vão ser imensas,
mas na dele também, é um processo de adaptação constante, que nos vai fazer
unidos e felizes.
Vou continuar a ir a concertos, a ler o que é
politicamente incorrecto, a ter o trabalho que me dá prazer, a encontrar os
meus amigos, a viajar, mas desta vez com um passageiro extra que vai sentir o
que eu sinto de uma forma muito particular.
A minha vida não vai acabar daqui a um mês,
vai reiniciar com um novo “software”.
Ricardo Brochado
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