Caríssimas e
caríssimos,
Na reflexão desta semana do ESCUTAR A VIDA, Paula
Constantino evoca um acontecimento: “pessoa amiga precisa de apoio”, foi o
pedido que escutou num telefonema, em jeito de anúncio.
Quando nos interrogamos como poderemos colaborar na
concretização de um mundo mais justo, mais fraterno, fica-nos, por vezes, a
sensação de desalento no coração. Tudo parece uma teia imensa que não permite
um gesto novo… Paula Constantino conduz-nos com um outro olhar: “Curar as
feridas da terra significa termos a capacidade de ir para além das nossas
dores, do que é nosso, do nosso egoísmo, para “curar” as feridas que tantas
pessoas têm dentro de si…”.
Com estima fraterna,
grão de mostarda
Que fazemos do outro?
“Curando as feridas da terra, estaremos a curar as feridas do nosso
próprio coração”, dizia Wangari Maahai, Prémio Nobel da Paz.
Lembrei-me desta frase quando
recebi um telefonema de uma familiar para “entrar” na corrente para ser
presença junto de uma amiga de infância que sofreu um acidente em casa e partiu
uma perna. Tem oitenta e alguns anos, agora vive sozinha, por isso, ter que ir
para um hospital e de lá para uma casa de acolhimento até se restabelecer, tudo
é novo e nem sempre fácil. É por isso preciso estar atento e presente.
Este convite fez-me, uma vez
mais, soar a campainha e perguntar-me: que fazemos do outro? Será que estamos
sempre disponíveis para visitar, telefonar, enviar uma palavra, enfim, ter um
pequeno gesto com os que estão mais sós? Será que estamos atentos àqueles que passam
por nós em cada dia e esperam de cada um de nós um sinal de “disponibilidade”
para si? Ou ficamos tantas vezes presos ao nosso comodismo, procurando a todo o
custo abafar a voz que dentro de nós nos inquieta e clama por acção?
Curar as feridas da terra significa termos a capacidade de ir para
além das nossas dores, do que é nosso, do nosso egoísmo, para “curar” as
feridas que tantas pessoas têm dentro de si, feridas que a vida lhes colocou no
caminho e para as quais têm dificuldade em encontrar a “cura”, e que, por isso,
a buscam nesses pequenos nadas que são tanto para si. Curar as feridas do nosso coração significa que nos abrimos mais ao
outro, que fomos capazes de sair de nós mesmos para irmos ao encontro daquele
que é igual a nós, e aí descobrir “as fontes da alegria e da esperança, que se
encontra em Deus, que gostaríamos de transmitir”, diz-nos o Irmão Roger.
“Amai-vos uns aos outros, como
Eu vos amo” (João 15, 12) é o caminho que Jesus nos indica para “curar” as
feridas. O amor ao próximo tem que ser ao jeito de Jesus, isto é, verdadeiro e
sem esperar recompensa, para que “surta” os seus efeitos.
O caminho não é fácil, por isso é
que vale a pena percorrê-lo.
Paula Constantino
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