Caríssimas e
caríssimos,
No seu livro “Esperanza a pesar
del mal – la resurrección como horizonte” (1), o teólogo católico Andrés Torres
Queiruga, propõe-nos: “… a esperança não pode permanecer em constatação estática,
mas sim há que converter-se necessariamente em movimento extático,
enquanto tarefa que, mobilizando presente, abre ao futuro e coloca em jogo a
própria vida.”
É precisamente para esta decisão
que aponta a reflexão de Luísa Alvim: cultivar a Esperança nos nossos corações
tem de ser tornar VIDA: abandonando o “nosso casulo”, recusando viver “em
estado vegetativo”, perante “os que nos cercam”, para que SEJAMOS. E assim, a
partir de do mais profundo do no SER, concretizaremos um “destino eterno” ao
tempo presente, como evoca Luísa Alvim.
Com estima fraterna,
grão
de mostarda
-esta CARTA de Luísa Alvim
foi escrita no passado dia 3. Pedimos desculpa a todas e a todos vocês, e
também à Luísa Alvim, por só agora ter sido possível enviá-la.
Do tempo ETERNO da Esperança
Viva caríssimo Valentim!
Sejamos plataformas de estabilidade para os
outros, se tivermos o dom da firmeza e do equilíbrio nas nossas posses; sejamos
inadequados na sociedade para fazermos frente às contrariedades, com imaginação
e confiança.
É necessário sair do nosso casulo, do conforto
da nossa paróquia, do bem-estar da família e reconhecer os que nos transcendem.
Contemplar os que estão à nossa volta e sustentá-los também naquilo em que
esperamos.
Se temos o dom da invencibilidade da
esperança, suportada no Amor, temos que ser isso para os que nos cercam. Não
podemos estar em estado vegetativo, mas sim em estado acordado, prontos a
superar conflitos, a resolver desordens. Olhar de frente a via-férrea de Auschwitz-Birkenau do mundo de hoje,
mesmo que para alguns continuem a existir viagens sem solução.
Temos a tendência de por vezes nos desviarmos
dos problemas, de achar que as dificuldades dos outros são impossíveis de serem
ultrapassadas, esquecendo que no presente há já a eternidade, e no escuro da
vida há um desejo de amor. É forçoso trazer um destino eterno ao tempo.
Sejamos contribuintes na comunidade,
simplesmente com o que somos. Não temos ouro nem prata, mas podemos ter um
qualquer dom gratuito que possamos consagrar ao serviço dos outros.
Na sociedade contemporânea perdeu-se em parte
o sentido de comunidade e o desumano anonimato prevalece. Luto contra isto
todos os dias na tentativa de estabelecer laços com objetivos sem porquê, sem
intuitos limitados, e que se não tire “proveito” deles.
A humanidade que nos cerca não é nossa
inimiga, é necessário antever um coletivo solidário. A aproximação de alguém
doente ou frágil não nos pode levar ao desviar do olhar só porque sabemos que
há uma organização religiosa ou um estado social que tratará de lhe dar um
apoio e uma ajuda.
Sejamos empreendedores solidários e ajudemos
a construir a esperança dos outros.
Abraço fraterno,
Luísa Alvim, que acredita na esperança em
movimento.
3 fevereiro 2013
(1) Editorial SAL TERRAE, Santander
(Espanha), 2005
(*) Publicada a 18 Janeiro 2013
Ilustração: “Pentecostes”, irmão Eric, na igreja da Reconciliação, em Taizé
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