segunda-feira, 26 de maio de 2014

PENSAMENTO EM BUSCA




“A autêntica pobreza reside, na realidade, numa falta de autonomia e na adição ao consumo. Um provérbio ameríndio afirma: “Ser dependentes é ser pobres, ser independentes significa aceitar não enriquecer.” 



Serge Latouche, “La sociedad de la abundancia frugal”, Icaria editorial, (Barcerlona) 2012

grão de mostarda
 



ESCUTAR O AMOR



Uma mulher sudanesa, Meriam Ibrahim, foi condenada à morte, dia 15 deste mês, por um Tribunal de Cartum, por ser cristã ortodoxa. Entretanto, em Março passado, meios de comunicação social davam conta que, em Kaduma (Nigéria), um número indeterminado de cristãos tinham sido mortos e incendiadas as suas casas.


Meriam Ibrahim, de 27 anos, grávida de oito meses e mãe de um menino de 20 meses, casou com um cristão, desafiando assim a lei islâmica. Acusada de adultério, foi condenada a receber 100 chicotadas e a um processo judicial por apostasia. Conforme a Amnistia Internacional, Meriam recusou, perante o Tribunal, a abandonar o cristianismo, tendo o juiz Abbas al-Khalifa decidido condená-la à pena capital...


Enquanto decorria o ataque em Kaduna, um conjunto de outros atos terroristas tinha lugar em Ugwar Sankwai, Ungwar Gata e Chenshyi, que duraram mais de quatro horas, de acordo com a Christian Association of Nigeria, que sublinhou o facto de terem morrido crianças nestes ataques, que têm aumentado de frequência desde Janeiro passado, sublinhou George Dodo, da Christian Association of Nigeria, em Kaduna…



O QUE ESTÁ EM CAUSA não é a perseguição ser feita por pessoas que se afirmam islâmicas. O que se lamenta não é a violência feita contra cristãos. O que assume aqui importância – uma importância vital – é a falta de respeito pelos Direitos Humanos, que significa a desumanização do coração humano… A aterrorização mais cruel é aquela que se concretiza em nome de uma fé, em nome do Amor Infinito, do Mistério de Bondade!



HOJE À TARDE, o bispo de Roma, Francisco, em visita à Palestina e a Israel, afirmou num campo de refugiados palestiniano, perante crianças islâmicas e cristãs: “Fixem bem uma coisa: a violência não se vence com a violência. A violência vence-se com a paz.”

Aos governantes de Israel e da Palestina ofereceu a sua casa, em Roma, para estabelecerem um diálogo capaz de conduzir a caminhos de convivência comum, a caminhos de PAZ…




grão de mostarda

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

Álvaro Carvalho, em “Escutar a Vida” da passada semana, convoca-nos a um acontecimento/manifestação, em nome de quem lhe vê negado o direito do “Pão nosso de cada dia”.

Hoje, Paulo França na sua reflexão pergunta-se pela “falta de amor” que se esconde por detrás de todas as injustiças… (VER ANEXO). Não nos coloca diante de um texto recheado de considerações ou propostas altruístas. As suas interrogações são rios a abrirem caminho a uma urgência: a humanização da nossa própria desumanidade. A esperança atuante no terreno da morte e da violência que Paulo França evoca, só surgirá a partir da bondade coração…  
Fraternalmente,

grão de mostarda

Da desumanização à urgência da humanidade…

Quanta falta de amor pode estar na origem de quem nos trata mal, de quem comete injustiças, de quem explora, de quem não respeita os outros?
O amor só pode vir do bem e vice-versa. Quem pratica o mal só pode estar a desconhecer a experimentação do amor, do afeto, do amor-próprio, da essência da humanidade e, por isso, vive em sofrimento, gerando sofrimento…

Talvez sejamos orientados por poderes mal-amados, desamados, carentes que se tornam egoístas e se centram no lucro e na concentração da riqueza. O amor, ao invés, não será a distribuição dessa mesma riqueza? Não será a justiça praticada e o respeito pelos outros? Não levará a visão egoística da organização do mundo à sua própria destruição?

Paulo França

domingo, 18 de maio de 2014

ESCUTAR O AMOR



“O grande desafio que o Evangelho coloca a todos os discípulos de Jesus é a integração das dimensões mística e política na experiência da fé, caso contrário, corremos o risco de viver algo de ilusório, ainda que lhe chamemos cristianismo.”




Carlos Maria Antunes*, “Atravessar a própria solidão” (Paulinas, 2011)
* monge do Mosteiro de Santa Maria do Sobrado (Galiza)

Foto: Sebastião Salgado

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