ENCONTROS DE VERÃO GRÃO
DE MOSTARDA
“Ao Amor que te arrasta
não perguntes: onde vais? Irei contigo…”
O canto do momento inicial do encontro grão de mostarda (12 Julho) convocou os
nossos corações a acolher os testemunhos da Paula Vieira, de Braga, da Natalia
Garcia e do Breo Fernandéz, de Santiago de Compostela…
É assim há cinco anos. De
diferentes origens geográficas e espirituais, amigas e amigos que, consigo,
trazem novas amigas e novos amigos. Por entre as árvores e as roseiras,
encontram-se e (re)encontram-se neste “espaço em busca”, comunidade de
“vizinhos entre vizinhos”…
Este ano, de fragmentos de “Os Estatutos do Homem”, poema de
Thiago de Mello, e do livro bíblico de Isaías nasceu um
salmo-reflexão…Construído pelas palavras daqueles dois homens, tão distantes no
tempo mas de sobremaneira próximos na compreensão do sentido da Vida, o salmo
introduziu-nos o tema escolhido:
NOVAS ALTERNATIVAS EM TEMPOS DE MUDANÇA
Faz sentido, por
exemplo, pagar o leite mais caro que em qualquer rede de supermercados? “Sim,
faz…”, respondeu Natalia à sua própria interpelação.
Além de uma melhor qualidade
do que consumimos, impede-se que o produtor se veja forçado a vender a cadeias
que esmagam os preços da produção. E assim se vai cortando, aos poucos, a rede
que nos torna reféns de interesses unicamente gananciosos que, na sua lógica,
levam o produtor a “fabricar” sem qualidade. Natalia e Breo, de Santiago de
Compostela, co-fundadores de uma inovadora cooperativa de consumidores em
Santiago de Compostela, revelaram-nos um novo modelo de sermos agentes de
alternativas éticas; não apenas na perspectiva individualista, garantindo para
si mesmo a qualidade dos produtos, mas também pela dinâmica que proporciona um
novo relacionamento entre produtores e consumidores e, simultaneamente, entre
os próprios produtores… Estes pequenos passos vai proporcionando novas rupturas
com o sistema: a criação de um banco ético – o Banco FIARE, subsidiário de uma
iniciativa social italiana – permitirá a criação de novas redes de intercâmbio,
que certamente aos poucos irão romper a lógica financeira actual…
Paula Vieira, fundadora
do Projecto SA, em Braga, partilhou o que, com um grupo de voluntárias e
voluntários (alguns deles presentes no encontro) tem realizado desde 2003,
momento em que se revelou urgente dar respostas concretas aos imigrantes
ilegais e aos sem-abrigo, o drama humano então mais visível… E se actualmente
ainda dão apoio em medicação, bens alimentares e refeições (confecionadas pelos
próprios cooperantes da associação), estão confrontar-se com novas pobrezas,
resultantes do desemprego entre famílias de classe média, o abandono social e
familiar, e a falta de respostas sociais públicas… Por isso, em Setembro,
iniciam uma nova etapa: ciclos de diálogo sobre distintos modelos de cidadania
e ateliês de carácter prático para uma gestão do quotidiano e promoção de
estilos de vida sustentáveis e mais saudáveis... Hortas verticais, aproveitando
espaços vazios (varandas ou outros) das habitações? Estimular a produção da
própria roupa? “Por que não?”, respondeu Paula Vieira, a quem se interrogava
pelo modelo que nos exige a permanente renovação do “guarda-fatos”, para não
ficar sob a mira da censura social.
E o diálogo ampliou-se
com experiências outras. Quer feitas em redes informais ou em diferentes
modelos de instituições. Há pessoas que vivem a bondade de coração, abrindo
caminhos, onde o ser humano é recolocado no centro das suas preocupações... E
as ideias soltaram-se, levando de novo entoar o canto inicial, enquanto
compromisso para este tempo de mudança: “Ao Amor que te arrasta não perguntes:
onde vais? Irei contigo…”
Darmos espaço ao amor
que levamos dentro, no nosso coração, deixarmo-nos “arrastar” por ele, “ir com
ele”. Ou seja, em TUDO VIVER A BONDADE DE CORAÇÃO…… Decisão única que
precisamos fazer para construir a sociedade alternativa que no mais profundo de
nós desejamos. Porque, como escutámos, “o mundo muda quando eu mudo. E somente
tenho a capacidade de mudar o mundo, mudando-me a mim próprio”.
grão
de mostarda
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