quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

PENSAMENTO EM BUSCA




Da lucidez do AMOR



A busca de caminhos de PAZ
nos conduzirá ao fogo do Amor…
Ele é a nossa eternidade


Será possível a Humanidade encontrar um “tempo de paz”, se cada uma e cada um de nós não vivermos pacificados interiormente?

O momento presente afigura-se incapaz de fomentar a confiança e a bondade de coração do ser humano. O temor, o individualismo e a ambição dominam, a nível mundial, as relações humanas e as estruturas políticas, sociais e empresariais… Vivemos um tempo que parece contrário a uma reconciliação interior.

No século IV, Ambrósio, o bispo de Milão que optou por uma vida de defesa dos mais os pobres, já recordava à sua comunidade o caminho a descobrir: «Começai em vós a obra da paz, de forma a que, quando vós próprios estiverdes pacificados, possais levar a paz aos outros.»

A busca da paz interior convoca-nos a um olhar profundo de nós mesmos, de todas as nossas fragilidades… Experimentada na fidelidade, esta busca sempre nos remeterá ao “Absoluto Invisível” que nos habita, sejam quais forem os caminhos que cada uma e cada um decida calcorrear. A inquietude que nos conduziu provoca em nós uma atenção e abertura… Ou seja, a uma interpelação que nos fará orientará o olhar interior para o exterior, para a vida que acontece e da qual somos também acontecimento. 

O monge cisterciense Carlos Maria Antunes recorda-nos: “Ao dizer atenção, dizemos de uma faculdade interior, a que poderíamos chamar o olhar do coração. (…) Quando vivemos a partir do coração surge a novidade, porque a atenção própria do coração remete-nos constantemente para o presente. E este é sempre novo, porque é um fluir constante” (1). 

A partir do encontro com o nosso coração jamais nos será possível ficar imobilizados, passivos diante da realidade. Como salienta o irmão Roger de Taizé, passamos a viver conscientes “de que o que pode paralisar o ser humano é o cepticismo ou o desânimo” (2). O olhar a partir do coração leva inevitavelmente à bondade, tornando-nos “artesãos de paz, mulheres e homens de compaixão” (3).

O nosso caminho de busca ganha, assim, sentido, porque humanizado nas nossas decisões… E a escassez de atitudes humanizadoras será ultrapassada com uma amabilidade comprometida, com decisões e atitudes de “fidelidade à terra”, utilizando as palavras de Andrés Torres Queiruga. Ou seja, uma fidelidade experimentada a partir dos nossos corações convictos de que “o presente é (o lugar) de onde se inicia a libertação, da qual o futuro será fruto” (4).

E, então, nada mais nos restará senão o Amor…

grão de mostarda

(1) “Só o Pobre se faz Pão”, Paulinas, 2013.
(2) “Viver para amar – Palavras escolhidas”, Paulinas, 2010.
(3) Da reflexão do irmão Aloïs, prior da Comunidade de Taizé, na oração da noite de 14 Julho de 2011, em Taizé.
(4) Andrés Torres Queiruga, “Esperanza a pesar del mal – La resurrección como horizonte”, Sal Terrae, (Espanha), 2005.

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