sábado, 17 de outubro de 2015

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,


que significa ESCUTAR A VIDA em todo o tempo e lugar? 


Entre o caos e o sofrimento dos “habitantes” da estação ferroviária de Komlaphur (Bangladesh) a comunidade de Taizé vem sendo sinal de transformação, assim como a Natureza, neste mês, nos remete para um processo de mudança…



Fraternalmente,

comunidade grão de mostarda


Quando Outubro tudo renova…

Em Outubro toda a Natureza inicia um processo de mudança… Deixamos de escutar o cantar de algumas aves migratórias, as folhas de algumas árvores ganham tonalidades extasiantes, para logo iniciarem a sua queda, e o céu apresenta-se mais denso, com nuvens que, pouco a pouco, vão regando terras e preenchendo leitos de rios. 


É assim todo o ano, em cada momento de viragem, em cada estação do ano. Todavia, este mês sentimo-lo como um tempo de aprofundamento de toda a Vida, recordando-nos a urgência de uma transformação despojada, para que seja possível o renascimento… 


Também nesta altura do ano, com a aproximação do Inverno, o ambiente na estação ferroviária de Komlaphur, em Dacca, capital do Bangladesh, começa a alterar-se. As chuvas perturbarão o viver de um sem-número de empobrecidos que habitam naquele que é o maior terminal de comboios do Bangladesh. E foi precisamente naquele espaço, que uma multidão de casais, crianças abandonadas e idosos adoptou como sua casa, que aconteceu o inesperado: Yann, um palhaço francês, proporcionou-lhes cerca de uma hora de diversão… 
 
“Ele demonstrou muito respeito por todos aqueles que participaram no encontro”, escreve Fiona, uma inglesa voluntária nas actividades semanais que os irmãos de Taizé mantêm junto com aquelas pessoas, sublinhando que Yann “convidou muitas crianças” a participarem em alguns dos seus números.


Ao chegar a Komlaphur, Fiona descreve “as primeiras impressões” como sendo tudo “caótico, mas à medida que decidimos parar e observar, há uma tomada de consciência de que há muitos que estão a cozinhar, sentados, a dar de comer a bebés, a apreciar uma chávena de chá e ainda nos oferecem um pedaço do seu pão ganho de forma árdua...” E foi precisamente a oferta de um pedaço de pão, feita por um jovem, que “roubo o coração” daquela voluntária, que nos descreve assim quem ali vive: jovens, idosos, órfãos, prostitutas e portadores de deficiência. E todas estas pessoas “revelam imensa coragem”, conclui Fiona que recorda a presença dos irmãos de Taizé, através da memória do irmão Frank, falecido em Janeiro do ano passado, e que fundou em 1974 a primeira fraternidade no Bangladesh.


“Descobrimos que os que são rejeitados pela sociedade por causa da sua fraqueza e da sua aparente inutilidade são uma presença de Deus. Se os acolhermos, eles conduzem-nos progressivamente de um mundo de hipercompetição para um mundo de comunhão de corações.” Nas palavras com que o irmão Frank identificou aqueles desprezados, conseguimos intuir os processos de mudança acontecidos ao longo de tantos anos. 


E é precisamente a partir de um incidente durante a exibição de Yann que se poderá compreender um renascer da dignidade dos moradores naquela estação ferroviária, conforme descreve a Fiona: “Quando a polícia chegou para separar a aglomeração, Yann conseguiu colocar-se ao lado da audiência e, com o seu humor, persuadir a polícia e permitir que ele continuasse o espetáculo mais 10 minutos.” Mas não foi tudo bem assim, porque nesta estação também tudo se renova, revela a voluntária inglesa: tudo continuou pacificamente, “mesmo indo contra os desejos das autoridades, que raramente respeitam as crianças, ou às suas atividades. Foram 45 minutos de diversão!”


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