O bispo que quer reduzir as fronteiras da pobreza
Há vinte anos, sem anúncio prévio,
abandonou a diocese (católica) de que era responsável em Espanha, “por amor aos
pobres do terceiro Mundo”, como, então, escreveu aos cristãos de Palencia…
Nicolás Castellanos decidiu, em 1991, ir viver para Santa Cruz de la Sierra, na
Bolívia, instalando-se num dos bairros mais empobrecidos daquele país.
“Para mim, a opção pelos pobres
sempre foi um elemento chave, referencial, em toda a minha experiência cristã”,
disse o ano passado o ex-bispo de Palencia à 21, revista cristã espanhola, a propósito daquela sua decisão. No
local que escolheu para viver, a sua primeira “descoberta” foi que centenas de
crianças estavam impedidas de frequentar a escola, porque simplesmente não
existia. Desta situação nasceu a Fundación
Hombres Nuevos, a instituição que, no dizer do bispo Nicolás Castellanos,
possibilita pequenos relatos libertadores: “devolver a dignidade, o
protagonismo, a auto-estima dos pobres – fazer uma escola, abrir um refeitório,
um hospital…”. Ou seja, tudo o que aquele “missionário” (como ele próprio se
designa) tem realizado desde 1992 em áreas fundamentais do desenvolvimento
humano – Educação (desde casas de acolhimento para crianças órfãs à formação de
professores, ou da prevenção do abandono escolar à construção de
infra-estruturas); Saúde (da realização de programas de educação higiénica e
nutricional à construção estruturas hospitalares); Habitação (um processo que
se estende entre a construção de casas e de infra-estruturas, como distribuição
de água potável); Emprego e empresas (criação de microempresas de novas
actividades e de defesa do ambiente e dos produtos locais).
A decisão do bispo Nicolás
Castellanos revela-nos a bondade de um coração que, nas suas próprias palavras,
se deixou interpelar pelas “vítimas que sofrem as consequências da acumulação
dos ricos”. Porque, a urgência dos humilhados, como ele disse à 21, exige que se reduzam
“significativamente as fronteiras da pobreza”.
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