Caríssimas e caríssimos,
Até que ponto a vontade
e o comportamento humanos podem ser na sua totalidade livres? O monge
beneditino Anselm Grün assinala: “É evidente que estamos marcados – através da
nossa história pessoal, através dos nossos genes, através da nossa estrutura
cerebral. Ainda assim, podemos dizer que existe uma última liberdade: podemos
decidir-nos a favor da vida ou contra ela.” (*). Podemos interpretar assim esta
resposta: na vida há uma escolha; ou seremos a favor do Amor ou contra. Porque
verdadeiramente a liberdade só pode ser, enquanto “espaço” no Amor.
Ricardo
Brochado remete-nos, nesta semana, para a morte, para a perda de alguém que
amamos…
Conduzindo-nos
à compreensão dos sinais que nos permitem “entender a perda de entes queridos”
sublinha: permitir a dor é deixar curar… E assim vamos apreendendo as palavras
do filósofo Gabriel Marcel: “Amar significa dizer ao outro: tu, tu não
morrerás.”
(*) “O livro das
respostas”, Paulinas, 2008
Pedimos desculpa por só
hoje ter sido possível enviar ESCUTAR A VIDA
Fraternalmente,
grão de mostarda
AMAR: “espaço” de não-morte
Faz parte do
ciclo normal da vida que ela termine. Aliás, o oxigénio que é tão essencial
para a vida é a sentença de morte, que nos provoca o envelhecimento, a
oxidação, como a ferrugem nos metais.
Faz parte da
nossa vida entender a perda de entes queridos de uma forma saudável, com lutos,
cerimónias, com o fecho de uma sepultura, com o espalhar de cinzas…
Defendo de forma pragmática a memória e a saudade mas não advogo
os velórios extensíssimos, as carpideiras e uma série de rituais que muitos
definem como medievais e que disso não têm nada. Na Idade Média a morte era uma
celebração da Vida de quem falecia, onde se contavam histórias laudatórias do
falecido, algumas até embaraçosas e caricatas. As mesmas histórias que hoje são
contadas nos velórios um pouco às escondidas mas que o deviam ser às claras.
A dor faz parte
de todas as curas. Da mesma forma que quando nos magoamos e sentimos aquela dor
latente durante a cicatrização, também a dor espiritual vai sarando aos poucos
e a saudade, que pode trazer dor, é a forma saudável de ir fechando a ferida.
Com tempo.
Os Romanos
diziam que as pessoas só morriam quando deixássemos de as recordar, é por essa
razão que a minha família está toda VIVA.
Ricardo
Brochado
Foto: Allen Hsua
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