Caríssimas e caríssimos,
reiniciamos as reflexões
semanais ESCUTAR A VIDA com um grupo mais alargado. À Paula Guerreiro e ao
Ricardo Brochado, que já conhecemos pelas palavras que nos foram entregando, e
nas quais as suas vidas e os seus compromissos se foram reflectindo, juntam-se
agora a Eva e o Angel, de Oviedo (Astúrias), membros da Acción Cultural
Católica Cristiana, a Cândida Bessa com quem dialogamos mensalmente questões da
Humanidade, integrados num grupo informal de cristãos de tradição católica, em
Fiães (a sul do Douro), e ainda a Natalia e o Breo, nossos irmãos da
fraternidade de Santiago de Compostela (Galiza) da comunidade grão de
mostarda.
Nesta semana, a leitura
de Pablo D’Ors e do irmão Roger de Taizé recolocou-nos um desafio que persiste
na experiência de “vizinhos entre vizinhos”: existimos confiadamente quando nos
deixamos enamorar pelo apelo da escuta da VIDA.
ESCUTAR A VIDA
É AMAR…
“Triste não é morrer, mas fazê-lo sem ter
vivido.” Tomamos as palavras de Pablo D’Ors (1) para nos abrir à questão: O que
é escutar a VIDA?
Os despotismos e as ganâncias, as
intolerâncias e os obscurantismos, quaisquer que sejam, matam-nos a VIDA… Se
esta for a pauta orientadora do nosso viver, nunca amaremos a VIDA: escolhemos
estar mortos antes de morrer, ignorando assim toda a existência à nossa volta -
o ciclo quotidiano da História, que torna fascinante cada nascer do sol.
Sem nunca rejeitar quantos assim se
comportavam Jesus indicou-lhes o caminho de escuta da VIDA. Caminho exigente,
feito de opções decisivas: “Se a tua mão ou o teu pé são para ti ocasião de
queda, corta-os… Se o teu olho é razão de escândalo arranca-o…” Pois é
preferível VIVER “deficiente” do que estar “morto” na VIDA, conclui Jesus (2).
Quantas vezes incompreendidas, estas palavras
conduzem-nos a uma verdadeira atenção para com a VIDA, pela renúncia
incondicional a qualquer decisão egocêntrica.
Desapossados da avidez individualista, amar a
existência ganha agora sentido… Escutar a VIDA impulsiona-nos a abrir o olhar,
a estender a mão e a caminhar numa perseverança que permite “olhar o futuro com
profunda confiança”, como nos recorda o irmão Roger de Taizé (3). Existimos
confiadamente quando nos deixamos enamorar pelo apelo da escuta da VIDA.
“Quando alguém se procura a si mesmo
adequadamente, o que acaba por encontrar é o mundo” (1). A entrega a este
exercício predispõe-nos a estar atento a cada ser humano. Porque escutar a VIDA
é AMAR…
comunidade grão de mostarda
fraternidade de Forjães
(1) “A
Biografia do Silêncio”, Paulinas, 2014
(2) Ver Mateus
18, 3-9
(3) “Não
pressentes a felicidade?”, Paulinas, 2014
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