Caríssimas e caríssimos,
ilustrada, no final da
sua reflexão, por um belo instante de escuta da vida, Ricardo Brochado
conduz-nos pelo mais sublime que deveria fundamentar as opções religiosas:
“Todas estas diferenças "filosóficas" que defendem conceitos morais
semelhantes, não deveriam ser razão para guerras e perseguições mas sim
factores de aproximação.”
Com estima fraterna,
grão de mostarda
ENTRE A
GUERRA QUE DIVIDE
E O JOGO
QUE UNE…
NOVEMBRO passa
a ser mais um mês negro na história recente da Humanidade com as atitudes
"medievais" do auto proclamado Estado Islâmico (EI). Inocentes
pereceram quando estavam a fazer coisas que fazem parte da nossa normalidade
ocidental, normalidade essa que os países onde o EI está instalado não possuem
há muitos anos. O que temos como garantido, como ir ao restaurante, ir ver um
jogo de futebol, ou assistir a um concerto, é irreal para a maior parte da
população das áreas afectadas no Berço da Humanidade - o Crescente Fértil.
Lá, todos os dias, inocentes são executados
pelo fanatismo, cego pela religião e cego às religiões. Muitos muçulmanos são
executados, só por não comungarem dos mesmos ideais do EI; e não é por
partilhar os mesmos ideais básicos que se salvam.
Em 1496, o rei português D. Manuel resolveu
ditar a expulsão dos Judeus de Portugal, dando início à maior perseguição
religiosa que o país sofreu. Os números não são claros mas muitos pereceram e,
durante séculos foram perseguidos. A diferença de religiões provocou um atraso
significativo em Portugal devido à fuga de cérebros para outros países.
Todas estas diferenças
"filosóficas" que defendem conceitos morais semelhantes, não deveriam
ser razão para guerras e perseguições mas sim factores de aproximação. Todas as
religiões defendem a Paz, o Amor e o Respeito pelo semelhante como linhas
condutoras. O Homem deturpa…
NO
MERCADO DO BOLHÃO, no Porto, há numa das bancas um cesto com objectos que são
familiares a dois povos, a dois momentos religiosos de duas correntes
diferentes.
No
Norte de Portugal, um desses objectos chama-se piúrra e serve para jogo
do Rapa, que se pratica, no Minho, na Noite de Natal. As crianças juntam-se aos
adultos e jogam com pinhões… E quando pergunto aos meus clientes Judeus se
conhecem o objecto, imediatamente me dizem que se chama Dreidel e que se joga
na noite do Chanukah, mais ou menos na mesma data que a festa cristã. As
regras são as mesmas, e joga-se com feijões.
Ricardo
Brochado
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