Caríssimas e caríssimos,
Eva Álvarez Glez é membro da Acción Cultural Cristiana, movimento
espanhol de cristãos comprometidos numa “cultura de solidariedade”, através da
denúncia “da manipulação da consciência que aliena o homem” (Ver: www. accionculturalcristiana.org).
No ESCUTAR A VIDA desta semana, Eva lança-nos um repto: os
caminhos dos “anunciadores da violência” germinam em resultado do “maior
fracasso da Humanidade”, o individualismo... Por isso, assume, é urgente
abandonar todos os egoísmos que transfiguram a vida numa perpétua violência.
Fraternalmente,
grão de mostarda
ANUNCIADORES DA VIOLÊNCIA - PROFETAS DO AMOR
“Vamos aumentar os ataques.” “A França vai intensificar as suas
operações na Síria; vamos fazê-lo já nas próximas semanas. Não haverá tréguas.
Estes crimes vão reforçar a determinação da França em os destruir.”
François Hollande no Parlamento francês, dia 17 de Novembro passado, quatro
dias após os atentados em Paris.
"A instabilidade e os riscos provenientes da
costa sul estão já muito perto das fronteiras da NATO, pelo que os aliados
terão de se adaptar à situação, colocando em marcha um conjunto de medidas que,
há alguns anos, nunca teríamos imaginado.” “A NATO está totalmente preparada e
passou a prova. Estamos, assim, a enviar um aviso aos nossos potenciais
inimigos. Estamos preparados para defender todos os aliados.” Stoltenberg,
secretário-geral da NATO, durante manobras militares que este ano decorreram em
Espanha, Portugal e Itália.
Todos os dias, a violência
apresenta-se-nos em forma de pobreza, de terrorismo, de escravatura, de guerra…
justa. Uma violência estrutural e estruturada porque o Poder necessita da
cumplicidade do Povo para se manter. Submetemo-nos a uma processo de
“civilização”, no qual os porta-vozes do Sistema - à custa da superficialidade
e de meias verdades - vão cozinhando a nossa consciência no interior dos nossos
próprios medos e ignorâncias. Assim se legitima a falsa democracia: interesses
espúrios de uns quantos, elevados à exaltação nas Leis e numa Cultura do Ter
(mais dinheiro, ainda que à custa do empobrecimento de outros; mais segurança,
ainda que à custa da nossa liberdade; mais prestígio, ainda que à custa da
humilhação dos outros; mais razão, ainda que à custa de qualificativos de grupo
- o que pertence a nós, esse é o dos bons, seguramente.
Em definitivo, assumimos a
inevitabilidade do sofrimento de uma Humanidade
dividida e violentada, e ludibriamos a nossa responsabilidade com a
impotência do próprio egoísmo individualista.
“Sem amor, a humanidade não poderia continuar a existir nem mais um
dia.”
Erich Fromm
“Quando, para alguém, os oprimidos deixam de ser uma designação
abstracta e passam a ser homens concretos, despojados e numa situação de
injustiça - despojados da sua palavra, e por isso
subornados no seu trabalho, o que significa a venda da própria pessoa -, somente na plenitude desse acto
de amar, no seu dar a vida, na sua praxis, se constitui a verdadeira
solidariedade”
Paulo Freire
O maior fracasso da Humanidade está em viver
dividida (fracassare:
romper, quebrar algo em pedaços), porque pressupõe a fractura de cada um dos
seres que a formamos: quando vivemos subjugados a uma ideologia, a uma moral
fechada, a esquemas preconcebidos, o outro ameaça a nossa segurança, e
necessitamos então de nos defender e atacar.
Só a partir da própria essência do Ser, onde
habita o Amor, poderemos tocar a humanidade do outro e reconhecê-lo como parte
de nós. Por isso, é necessário que abandonemos o círculo vicioso da violência
para imergirmos na dinâmica do Amor:
do reconhecimento ao encontro; do conhecimento à reconciliação; da
solidariedade (tornar-se um único com o outro) à unidade perfeita.
Eva
Álvarez Glez
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