domingo, 13 de dezembro de 2015

ESCUTAR A VIDA


Caríssimas e caríssimos,

Eva Álvarez Glez é membro da Acción Cultural Cristiana, movimento espanhol de cristãos comprometidos numa “cultura de solidariedade”, através da denúncia “da manipulação da consciência que aliena o homem” (Ver: www. accionculturalcristiana.org).
No ESCUTAR A VIDA desta semana, Eva lança-nos um repto: os caminhos dos “anunciadores da violência” germinam em resultado do “maior fracasso da Humanidade”, o individualismo... Por isso, assume, é urgente abandonar todos os egoísmos que transfiguram a vida numa perpétua violência.
Fraternalmente, 

grão de mostarda

  ANUNCIADORES DA VIOLÊNCIA - PROFETAS DO AMOR
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“Vamos aumentar os ataques.” “A França vai intensificar as suas operações na Síria; vamos fazê-lo já nas próximas semanas. Não haverá tréguas. Estes crimes vão reforçar a determinação da França em os destruir.” François Hollande no Parlamento francês, dia 17 de Novembro passado, quatro dias após os atentados em Paris.

"A instabilidade e os riscos provenientes da costa sul estão já muito perto das fronteiras da NATO, pelo que os aliados terão de se adaptar à situação, colocando em marcha um conjunto de medidas que, há alguns anos, nunca teríamos imaginado.” “A NATO está totalmente preparada e passou a prova. Estamos, assim, a enviar um aviso aos nossos potenciais inimigos. Estamos preparados para defender todos os aliados.” Stoltenberg, secretário-geral da NATO, durante manobras militares que este ano decorreram em Espanha, Portugal e Itália.

Todos os dias, a violência apresenta-se-nos em forma de pobreza, de terrorismo, de escravatura, de guerra… justa. Uma violência estrutural e estruturada porque o Poder necessita da cumplicidade do Povo para se manter. Submetemo-nos a uma processo de “civilização”, no qual os porta-vozes do Sistema - à custa da superficialidade e de meias verdades - vão cozinhando a nossa consciência no interior dos nossos próprios medos e ignorâncias. Assim se legitima a falsa democracia: interesses espúrios de uns quantos, elevados à exaltação nas Leis e numa Cultura do Ter (mais dinheiro, ainda que à custa do empobrecimento de outros; mais segurança, ainda que à custa da nossa liberdade; mais prestígio, ainda que à custa da humilhação dos outros; mais razão, ainda que à custa de qualificativos de grupo - o que pertence a nós, esse é o dos bons, seguramente.

Em definitivo, assumimos a inevitabilidade do sofrimento de uma Humanidade dividida e violentada, e ludibriamos a nossa responsabilidade com a impotência do próprio egoísmo individualista.

“Sem amor, a humanidade não poderia continuar a existir nem mais um dia.”
Erich Fromm
“Quando, para alguém, os oprimidos deixam de ser uma designação abstracta e passam a ser homens concretos, despojados e numa situação de injustiça - despojados da sua palavra, e por isso subornados no seu trabalho, o que significa a venda da própria pessoa -, somente na plenitude desse acto de amar, no seu dar a vida, na sua praxis, se constitui a verdadeira solidariedade”
Paulo Freire

O maior fracasso da Humanidade está em viver dividida (fracassare: romper, quebrar algo em pedaços), porque pressupõe a fractura de cada um dos seres que a formamos: quando vivemos subjugados a uma ideologia, a uma moral fechada, a esquemas preconcebidos, o outro ameaça a nossa segurança, e necessitamos então de nos defender e atacar.
 Só a partir da própria essência do Ser, onde habita o Amor, poderemos tocar a humanidade do outro e reconhecê-lo como parte de nós. Por isso, é necessário que abandonemos o círculo vicioso da violência para imergirmos na dinâmica do Amor: do reconhecimento ao encontro; do conhecimento à reconciliação; da solidariedade (tornar-se um único com o outro) à unidade perfeita.

Eva Álvarez Glez






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