Caríssimas e caríssimos,
renovarmo-nos
interiormente exige fazer caminho… Cândida Bessa propõe-nos ESCUTAR A VIDA pela
diferença do pequeno gesto, e que pode ser APENAS “cantar a Vida em Janeiro”.
Fraternalmente,
grão de mostarda
O
HOMEM NOVO
UM NOVO ANO COMEÇOU e
muito há a fazer para que nos renovemos interiormente. E a atenção aos outros
no nosso dia-a-dia faz toda a diferença…
ESTA
MANHÃ quando caminhava por uma rua do Porto, vi uma senhora idosa com muita
dificuldade em movimentar-se para sair do carro, o filho quase a arrastava e
nada conseguia. Aproximei-me e perguntei se podia ajudar. O filho aceitou e fui
ajudá-lo, até a senhora entrar dentro de casa pelo passo normal. Nesse dia, da
parte da tarde no IPO do Porto, onde faço parte dum coro em que todos os
elementos passaram por problemas oncológicos. Fomos à entrada do IPO cantar as
janeiras, ou melhor cantar a Vida em Janeiro.
A dor
de quem espera por uma consulta, a visita a um amigo ou familiar, foi alterada
pela nossa presença. Os rostos sorriram, as palmas ouviram-se, e alguns
cantaram...
Pequenos
gestos que constroem a diferença: é urgente ser sentinela e pôr-se a caminho.
E assim,
sugiro orar com a Vida. O “Ora vê” do padre Rui Santiago dá-nos uma ajuda (*).
Cândida Bessa
Desculpa,
Senhor, quando se nos congelam os passos.
O medo
é terrível, faz de nós estátuas.
Garante-nos
esse aldrabão! que se ficarmos quietos
tudo
correrá bem, ficaremos imunes aos sofrimentos
e às
desgraças daqueles que arriscam.
É
mentira! Não há sofrimento maior do que ver
a
própria existência inutilizada,
nem
desgraça tão inteira
como
nunca ter sentido a graça de ultrapassar-se
Ensinaram-nos
a não darmos passos maiores que as pernas,
e a
maneira de nos convencermos disto
foi
esconderem-nos uma verdade muito importante:
quando
damos passos maiores que as pernas, elas crescem!
O
Homem Novo, aquele à medida do Teu Filho Jesus,
constrói-se
no exagero e na ousadia de ser Humano...
Verdadeiramente
Humano, exageradamente Humano...
Como
aquele Jesus, Homem como nós. Bom como Tu!
A
Humanidade levada ao exagero
é uma
vida toda revestida de Bondade.
Quando
nos dá para duvidar e retesar o corpo,
é
quando se nos congelam os passos. E ficamos assim,
desgraçados,
para sempre
a
olhar para o topo das montanhas
sem
nos darmos a hipótese de saborear
o que
está lá do outro lado.
A
seguir vai o coração... que seca, calcifica,
abranda
até se sepultar dentro de nós mesmos.
Bem Te
gritavam os Profetas:
"Tira
do nosso peito o coração de pedra,
e
dá-nos um coração de carne!"
Estala-nos
o verniz, Senhor, descasca-nos, por favor,
até
nos retirares de dentro da casca de Homem Velho
que
muitas vezes nos envolve, e que é feita para a insensibilidade.
Dá-nos
de novo a energia da vida, da Confiança,
Da Esperança,
das mãos dadas
que
tornam possíveis quase todos os milagres.
Enche-nos
da Tua sensibilidade da bondade de Jesus,
ainda
que aleije, ainda que isso nos exponha mais que tudo,
ainda
que nos leve a vida.
Porque,
afinal, é quando nos expomos ao exagero do Amor
e à
loucura da Esperança que nos pomos a jeito
para
levar com o Milagre da Vida em cheio na cara!
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