Caríssimas e
caríssimos,
Há um ano,
Constantino Alves – que foi operário metalúrgico, sindicalista e hoje é
responsável por uma paróquia católica situada no coração de um dos bairros
sociais mais desfavorecidos do país, o Bairro da Bela Vista, em Setúbal –
decidiu abrir um restaurante social, porque sabe por experiência solidária que
metade da população que lhe é vizinha vive no limiar da pobreza...
Olga Dias,
deixa-nos nesta reflexão de ESCUTAR A VIDA a impressão que lhe deixou a visita
que fez ao Restaurante Social da paróquia Nossa Senhora da Conceição. Foi num
domingo, na companhia amável e fraterna do padre Constantino Alves, à qual se
seguiu uma refeição em casa de um casal de angolanos, no Bairro (ilegal) da
Parvoíce, paredes meias com a Bela Vista e o rio Sado.
Para ficar
saber mais sobre o restaurante social, mantido unicamente por voluntários, que
ao fim de um dia de trabalho vai preparar e servir refeições para os mais
pobres ver reportagem na SIC (http://sicnoticias.sapo.pt/724153). Escutaremos
Constantino Alves a recordar-nos que os pobres têm direito a mais do que as
nossas sobras.
Com estima
fraterna,
grão de mostarda
Do AMOR que
fica gravado nos corações
Ainda há
cerca de um mês, foi-me concedida honrosamente a oportunidade de visitar, com
uns amigos, um padre da Paróquia da Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal. O
padre Constantino Alves, é uma pessoa com uma história de vida extraordinária
que cumulativamente ao seu cargo de pároco, viveu e trabalhou como operário
fabril, junto daqueles para quem a vida e o trabalho foram de extrema dureza.
Logo que
chegámos a este local, aliás, muito bem cuidado, para meu grande espanto,
constatei que, integrado na Paróquia, havia um Restaurante Social! Depois das
obrigações inerentes aos seus afazeres, o nosso querido amigo guiou-nos numa
visita muito interessante pela Paróquia e pelo Restaurante Social, que me abria
o apetite da curiosidade, já que era a primeira vez que tinha visto e ouvido
falar em tal. Esta estrutura foi criada para responder às necessidades das
famílias carenciadas desta cidade, que se vê a braços com situações de pobreza
muito preocupantes. As pessoas que beneficiam deste espaço são acolhidas temporariamente,
depois de uma criteriosa avaliação pelo próprio pároco, por uma técnica de
serviço social e uma equipa de voluntários que procedem ao acompanhamento da
evolução da situação de cada utente. Aqueles cujos rendimentos, por mais
pequenos que sejam, lhes permitam pagar pela sua refeição são assim
responsabilizados e dignificados na sua condição. Desta forma, evitam-se
situações que poderiam promover uma caridade assistencialista. Quem ali se
dirige sabe que apenas se acolhe quem passa por momentos de aflição e
estimulando cada um a orientar a sua vida sem depender desta ajuda.
O
restaurante abre todos os dias, sábados e domingos incluídos, para jantares. As
refeições são adquiridas a uma empresa, mas todo o trabalho de transporte dos
contentores com a comida, serviço aos utentes, higiene e limpeza do restaurante
é exclusivamente assegurado por voluntários, em regime de rotatividade. Este
agradável espaço está concebido especialmente para conferir dignidade e
harmonia a quem a ele recorre. Podem ainda beneficiar do restaurante pessoas
não carenciadas que marquem com antecedência jantares de grupo, que pagarão um
“preço de apoio”. E é este jogo entre aqueles que podem pagar, e aqueles que
não o podem fazer, que sustenta e engrandece esta iniciativa. Este notável
exemplo de rigor de gestão solidária faz que com o nosso amigo sublinhe, com
muito orgulho, que não existe nenhuma dívida por pagar.
É louvável o
empenho, a dedicação e principalmente o amor que se vive neste local. Esta
acção e muitas outras actividades, desenvolvidas nesta Paróquia, são exemplos
que beneficiam e melhoram exponencialmente a vida daquela comunidade. Foi um
testemunho único e um exemplo de amor ao próximo que vai ficar para sempre
gravado no meu coração.
Olga Carla
Dias
Olga Dias
integra o Projeto
CONFIANÇA, movimento
que acredita que a “fonte de vida” é a solidariedade humana.
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