SONHAR EM GRANDE
A história é testemunha:
imaginamos o impossível no mundo físico e cumpre-se (Leonardo da Vinci, Júlio
Verne, filmes Strar Trek…); sonhamos mudanças sociais e realizam-se (Luther
King, Gandi…). Continuamos a imaginar transformações físicas
impossíveis (teletransporte? Viagens no tempo?...). É necessário imaginar e
sonhar o humano. É preciso ultrapassar os limites auto-impostos. Pede-o a
história. Pede-o a humanidade. Pedem-no, aos gritos, a natureza e o cosmos.
Sonhos, muitos sonhos, sonhos abundantes, atrevidos e transgressores.
A abundância de sonhadoras e
sonhadores traduz-se no surgimento (e na visibilidade) de profetas e
profetisas. É necessário atrever-se: sonhemos em grande! Deus foi o primeiro:
sonhou-nos ilimitadamente, ao infinito. A intenção divina primogénita não podia
ter ido mais longe: “Façamos a adam à nossa imagem e semelhança” (Gen.
1,26). Disse-o e fê-lo: “Criou-o à sua imagem” (Gen. 1, 27).
Olho para trás e vejo o humano,
imagem da divindade, recompilação evolutiva, resumo perfeito na sua
imperfeição. Os estratos precedentes partilham a chispa divina, o toque
de quem os cria.
Olho o caminho e vejo numerosos
místicos e místicas, mulheres e homens da história que o entenderam assim, que
ajudaram a expandir a intenção e realização divinas primogénitas, por toda a
terra, por todas as galáxias. Místicas, mas também políticas, talvez ocultas e,
contudo, eficazes como o grão na terra. O grão na terra que é putrefacção
gestante, fertilizante, portador de vida.
Olho para diante e vejo o estádio
superior do humano, individual e cósmico, individual e social, no micro e no
macro, rompendo as suas próprias fronteiras, mais próximo da sua condição de imagem
divina.
Como não sonhar? Como
contentar-se com sonhar o pequeno, podendo sonhar em grande? Como não seguir e
perseguir, apaixonadamente, a ideia poderosa de Yavé que nos imaginou à sua
imagem e semelhança?
Mercedes Navarro, in “21 – la
revista cristiana de hoy”, Outubro 2012
grão
de mostarda
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