Caríssimas e caríssimos,
“Permitídeme que me
presente, son Breogán, irmán voso. Compartimos a procura da mesma fonte, estamos en partes diferentes
do bosque e desexamos construir xuntos os camiños nel.”
Breogán Udías apresenta-se assim, no seu galego, nesta sua
primeira reflexão do ESCUTARA A VIDA. Pai de Martina, de quatro anos, e de Paulo, com nove meses, é
companheiro do grão de mostarda na descoberta de caminhos de amabilidade
comprometida, juntamente com outros amigos espanhóis e portugueses, tal como a
sua mulher, Natalia Fernandez, que nos desvelou o “racismo inconsciente” que
levamos dentro, no ESCUTAR A VIDA, de 29 Novembro passado.
Breo transporta-nos ao essencial do nosso mundo mais próximo, do
nosso viver quotidiano, colocando-o em diálogo com a inevitabilidade de
consentirmos ao nosso coração “ir mais longe”.
Fraternalmente,
grão de mostarda
MANTER UMA ATITUDE DE ESCUTA no quotidiano tem a sua dificuldade. É mais
habitual uma generalização do nossos olhar sobre os sucessivos acontecimentos
ao longo do dia, do que a compreensão dos pequenos-grandes acontecimentos com que
somos presenteados. A nossa tendência natural em desejar as grandes magnitudes
impede o efeito de valorizarmos o pequeno, o finito, o essencial. E no final do
dia tudo passou e ficou para traz no esquecimento. Acostumámo-nos ao vértice do
dia-a-dia, contudo a insatisfação descobre-nos que jamais nos acostumamos a
viver nessa mediocridade.
A melodia sustentava Paulo, pessoa ainda bem
pequenina, no meu colo. A febre e o congestionamento faziam com que não deixasse de se queixar se o colocava no berço, pois o abraço e o choro são
excelentes expressões que ele revela para solicitar auxílio, nesta sua nova
circunstância… Toda a noite havia sido tão breve para o descanso como para o
desvelo.
Neste universo tão íntimo os dias e as suas
andanças são muito semelhantes, e conduz ao esgotamento. Não queremos tanta
finitude para nós, desejosos como estamos de manifestar grandes esforços,
sucessos, compromissos e militâncias. As diferenças não estão tanto no que se
faz, mas sim como se faz.
DO MUNDO UM POUCO MAIS DISTANTE chegam-nos
diferentes notícias de amigos e irmãos que padecem, celebram, caminham ou
alteram situações… E quanto mais limitados nos descobrimos, inevitavelmente
mais aberto deve estar o coração para ir mais longe.
O pequenito acalmou, expressando um sorriso.
Foi um instante iluminador das horas do seu mal-estar, e essa intermitência
revelou todos os acontecimentos do dia, tornando audíveis os ecos longínquos.
No aqui e no agora para chegar mais além.
Do mais profundo desta história subsiste uma
História de Amor.
Breogán Udías
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