quarta-feira, 12 de junho de 2013

ESCUTAR A VIDA




Caríssimas e caríssimos,

Na partilha da mesa, treze pessoas reafirmam a sua fé na Esperança humana, não se deixando derrubar pelo sofrimento humano… (ver ANEXO).

Esta é experiência que, na alegria fraterna, experimentamos com os outros cristãos.
Com estima fraterna,

grão de mostarda


Em nome da Esperança…


Treze amigos – mulheres, homens e adolescentes – reúnem-se, fraternalmente, para celebrarem a vida num “concurso de culinária”. Nada de especial: sem data fixa, nas respetivas casas, provam o pitéu preparado e sempre afirmando na declaração de voto que aquele foi o “melhor prato” de todos os anteriores… E, no final, dão continuidade ao “concurso”, combinando a casa onde farão nova prova culinária.

Durante o repasto, a conversa decorre naturalmente à volta da qualidade do prato apresentado aos comensais… Exaltam-se os dotes da cozinheira ou do cozinheiro; recordam-se outras maneiras de confecionar o mesmo prato, trazendo à lembrança, de modo elogioso naturalmente, a cozinha de pais ou avós, onde pontificavam, aí sim, os “produtos naturais”. Ou seja, nada mais do que habitualmente acontece entre pessoas que gostam de viver…

 O que une estas trezes pessoas? A amizade, naturalmente… Uma amizade nascida fundada também numa fé comum, no facto de todos serem seguidores do projeto de Jesus. Cada um a seu modo, ao seu jeito, mas sabendo que o seu empenhamento de vida é o de uma Humanidade mais humana. E, por isso, mesmo é que se recordam também, durante aquela “partilha do pão”, os compromissos, as “tarefas” de ser cristão – nas respetivas comunidades; na prisão onde alguns se deslocam cada sábado; na Escola onde as aulas têm outro “sabor”, porque não são dadas somente por dever profissional; na instituição de solidariedade social onde se cruzam dificuldades e alegrias de invisuais que não desistiram na sua “noite”; no Centro de Saúde onde, como voluntários, estão atentos às dores de tantas “doenças”; ou ainda na terra onde decidiram viver enquanto “vizinhos entre vizinhos”…

No final do dia despedem-se, depois de também darem “vivas” às sobremesas surpresa que uns preparam, de elogiarem o bom vinho que alguém trouxe da sua terra de origem ou o queijo daquela empresa familiar onde habitualmente se vai…

À noite, retomando a leitura do livro “Lo que yo creo” (Editorial Trota, Espanha), escrito em jeito de testamento humano e espiritual do teólogo Hans Küng, os olhos caem na página que tem escrito o seguinte: “Ninguém tem necessidade de buscar o sofrimento, como faziam os antigos ascetas, nem de mortificar-se. Muitos necessitam já de uma boa dose de força para carregar com a normal cruz do dia-a-dia (…). Deveríamos combater o sofrimento sempre que estivermos em condições de o fazer (…). Pois na fé é-me concedida a esperança: a esperança de que o sofrimento não é, apesar tudo, o definitivo, o último”.

E o testemunho de vida do teólogo faz ressoar o convívio da mesa, onde corações também haviam partilhado esta ESPERANÇA na vida, na felicidade humana…

grão de mostarda

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