Caríssimas e caríssimos,
recomeçamos as reflexões
ESCUTAR A VIDA, semanalmente escritas por Paula Guerreiro, Álvaro Carvalho,
Paulo França, José Rodrigues e Assunção Bessa, e Ricardo Brochado. Todas elas
são pessoas que vivem, de modos diversos, uma relação fraterna e de partilha
com a comunidade grão de mostarda.
O seu olhar, quer a
partir de experiências pessoais, da leitura de acontecimentos do quotidiano
próximo ou mais longínquo, ou ainda dos seus compromissos sociais, serão para
nós, certamente, “imagens” de interpelação para um futuro de confiança...
No texto de abertura
deste ciclo de reflexões, interrogamo-nos sobre o silêncio que é necessário
construir no nosso interior para se aprender a ESCUTAR A VIDA.
ESCUTAR EXIGE SILÊNCIO…
Um silêncio que ajude “a
penetrar no íntimo de mim mesmo”, despojando-me dos “ruídos e palavras” que me
habitam (1), permitirá uma atitude de escuta da Vida, do fascinante mistério
que envolve a existência Humanidade. E é esta atitude “ajuda-nos a dar uma
volta fundamental na orientação do nosso olhar…” (2).
André Louf, no livro já
referido, utiliza uma surpreendente imagem: a criança, até balbuciar as
primeiras palavras, teve de experienciar “um silêncio absoluto”, enquanto
simultaneamente vivia um tempo de escuta dos pais, através de um intenso
contacto relacional.
É esta experiência que
necessitamos fazer; a atitude que se nos torna necessária assumir, para que se
seja possível “maior autenticidade na relação com o outro” (2).
ESCUTAR A VIDA (assim
mesmo com maiúsculas, por envolver as dinâmicas do ser humano e as realidades
do seu quotidiano) é um desafio ao diálogo... E todos os diálogos se iniciam –
e só se tornam possíveis – pela disposição de escutar… Escutar o tempo
presente, apesar de se nos apresentar prenhe de uma escassez de atitudes
humanizadoras, abre-nos o coração aos salutares sinais de recusa do atual
paradigma social; às propostas (e ações) de muitas e muitos que já reconhecem
que só quem vai contra a corrente é que encontra a fonte.
As reflexões ESCUTAR A
VIDA desejam ser “lugares de confiança” e “espaços de diálogo”, despertas para
o mais profundo da “vida escutada” de modo plural…
grão de mostarda
(1)
ANDRÉ LOUF*, Ao ritmo do ABSOLUTO, Editorial A.O., 1999
*(1929-2010), monge cisterciense no mosteiro de Sainte Marie
du Mont-des-Cats (França)
(2) CARLOS MARIA ANTUNES*, Atravessar
a própria solidão, Paulinas, 2011
*monge cisterciense no Mosteiro
de Santa Maria do Sobrado (Galiza)
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