domingo, 4 de maio de 2014

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

recomeçamos as reflexões ESCUTAR A VIDA, semanalmente escritas por Paula Guerreiro, Álvaro Carvalho, Paulo França, José Rodrigues e Assunção Bessa, e Ricardo Brochado. Todas elas são pessoas que vivem, de modos diversos, uma relação fraterna e de partilha com a comunidade grão de mostarda.

O seu olhar, quer a partir de experiências pessoais, da leitura de acontecimentos do quotidiano próximo ou mais longínquo, ou ainda dos seus compromissos sociais, serão para nós, certamente, “imagens” de interpelação para um futuro de confiança...

No texto de abertura deste ciclo de reflexões, interrogamo-nos sobre o silêncio que é necessário construir no nosso interior para se aprender a ESCUTAR A VIDA.


ESCUTAR EXIGE SILÊNCIO…

Um silêncio que ajude “a penetrar no íntimo de mim mesmo”, despojando-me dos “ruídos e palavras” que me habitam (1), permitirá uma atitude de escuta da Vida, do fascinante mistério que envolve a existência Humanidade. E é esta atitude “ajuda-nos a dar uma volta fundamental na orientação do nosso olhar…” (2).

André Louf, no livro já referido, utiliza uma surpreendente imagem: a criança, até balbuciar as primeiras palavras, teve de experienciar “um silêncio absoluto”, enquanto simultaneamente vivia um tempo de escuta dos pais, através de um intenso contacto relacional.
É esta experiência que necessitamos fazer; a atitude que se nos torna necessária assumir, para que se seja possível “maior autenticidade na relação com o outro” (2).

ESCUTAR A VIDA (assim mesmo com maiúsculas, por envolver as dinâmicas do ser humano e as realidades do seu quotidiano) é um desafio ao diálogo... E todos os diálogos se iniciam – e só se tornam possíveis – pela disposição de escutar… Escutar o tempo presente, apesar de se nos apresentar prenhe de uma escassez de atitudes humanizadoras, abre-nos o coração aos salutares sinais de recusa do atual paradigma social; às propostas (e ações) de muitas e muitos que já reconhecem que só quem vai contra a corrente é que encontra a fonte.
  
As reflexões ESCUTAR A VIDA desejam ser “lugares de confiança” e “espaços de diálogo”, despertas para o mais profundo da “vida escutada” de modo plural…

grão de mostarda


(1) ANDRÉ LOUF*, Ao ritmo do ABSOLUTO, Editorial A.O., 1999
*(1929-2010), monge cisterciense no mosteiro de Sainte Marie du Mont-des-Cats (França)
(2) CARLOS MARIA ANTUNES*, Atravessar a própria solidão, Paulinas, 2011
*monge cisterciense no Mosteiro de Santa Maria do Sobrado (Galiza)

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