Caríssimas e caríssimos,
“Qual o sentido da minha
vida?”. O monge beneditino Anselm Grün afirma em “O livro das respostas” que
esta é “uma questão que não devemos evitar” e que ao colocá-la tem ir ao mais
profundo da “essência da nossa humanidade”, pois só assim poderemos agir
“livremente”.
Paulo França, amigo e
presença fraterna do grão de mostarda, fez este percurso… Um percurso de
libertação, que hoje ele nos revela de modo tão amável e afectivo, partindo
também de um livro, “Ensaio sobre a lucidez” de José Saramago.
Fraternalmente,
grão de mostarda
A
LUCIDEZ DO OLHAR…
“Ao contrário do que toda a gente
julga, o espelho retrovisor não serve só para controlar os carros que vêm
atrás, também serve para ver a alma dos passageiros [...] ” in ENSAIO SOBRE A
LUCIDEZ, de José Saramago
Talvez o que nos tem faltado mais, é
este olhar para dentro uns dos outros, saber escutar e dizer o que nos vai
dentro da alma.
No ano de 2000, vim de visita a Lisboa,
na primavera. Apanhei um táxi. Nessa altura da minha vida, eu dependia do
consumo de álcool e estupefacientes. Era uma mistura bombástica e destrutiva…
Lembro-me que o taxista foi falando
comigo olhando-me no retrovisor e sugeriu-me que, quando eu chegasse a casa, me
mirasse no espelho e visse a minha figura. Segui o conselho do taxista. Fiquei
deveras indignado com o meu aspeto inchado.
Nessa altura, libertei-me dos
estupefacientes e, mais tarde, reportando-me também da mesma receita do
taxista, libertei-me do álcool.
O taxista era um heroinómano
recuperado. Naquele dia, o espelho retrovisor foi um instrumento precioso,
sendo complementado pelo visionamento de mim mesmo ante o espelho em casa.
Senti, como ninguém, o sentido profundo e sábio desta frase de José Saramago.
Paulo França
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