Caríssimas e caríssimos,
a reflexão de ESCUTAR A VIDA recorda-nos a queda significativa de
nascimentos no nosso país – “em quatro anos perdemos 20 mil nascimentos…” –, a
propósito a publicação recente de um relatório sobre política de natalidade (*).
Álvaro Carvalho todavia anota: “A maioria dos casais jovens” apontam na
generalidade dos inquéritos e dos estudos que desejariam “ter mais filhos do
que os que têm”. Ninguém ignora que numa sociedade, o exercício da confiança no
seu futuro realiza-se também, e de modo significativo, na esperança dos índices
de natalidade.
No nosso quotidiano de “vizinhos entre vizinhos” escutamos
mulheres a queixarem-se de não terem sido admitidas numa empresa, por não
“garantirem” à entidade patronal que não engravidariam; casais a lamentarem o
despedimento da mulher, após ter sido mãe; mulheres a serem penalizadas, com
medidas coercivas, por necessitarem de acompanharem filhos a consultas, a
estarem presentes em reuniões nas escolas; de serem ameaçadas com castigos se,
em dias de horas extraordinárias, saem para ir buscar os filhos aos
infantários... Os exemplos poder-se-iam multiplicar.
Quando, no momento presente, a legislação é ignorada mesmo pelo
Serviço Público, como agir? Como ser fermento de transformação das mentalidades
e dos corações? A dignidade humana exige-nos presença fraterna e diálogo
actuante…
Fraternalmente,
grão
de mostarda
(*) Consultar documento em www.porto.ucp.pt/central-noticias
Que FUTURO?
Foi apresentado
há cerca de um mês o relatório sobre Política de Natalidade para Portugal,
coordenado pelo Prof. Joaquim Azevedo. ”Por um Portugal amigo das crianças, das
famílias e da natalidade”, considerado por muitos analistas como um excelente
estudo, o seu debate foi completamente “abafado” pelas notícias do escândalo
financeiro de um importante grupo económico do nosso país.
A baixa da
natalidade desperta em mim grande preocupação, não só porque como diz o poeta:
“…mas o melhor do mundo são as crianças…” (“Liberdade”, de Fernando Pessoa),
mas também pelas implicações que a baixa de natalidade representa para cada um
de nós e para o país.
Em quatro anos
perdemos 20 mil nascimentos, fenómeno que não acontece em países como a
Irlanda, o Reino Unido, a França, a Suécia, a Finlândia e a Noruega.
Portugal tem
sofrido profundas mudanças de valores e atitudes: a idade média do casamento e
a idade da mãe quando do nascimento do 1º filho (cerca dos 30 anos); o número
de divórcios, bem como a proporção do número de abortos por gravidez – em 80
mil nascimentos, cerca de 16 mil interrupções voluntárias da gravidez (IVG)
representam uma taxa de 20%, acrescendo que à volta de 40% das mulheres que
fizeram IVG não têm filhos.
Desta análise
muito sumária resulta que é necessário e urgente medidas que removam os
obstáculos à natalidade desejada. Dado que a maioria dos casais jovens têm
referido, em todo o tipo de inquéritos e de estudos, que querem ter mais filhos
do que os que têm, duas perspectivas se tornam claras: o problema tem solução;
a solução mais adequada, em termos de políticas públicas, mais do que criar
incentivos, é remover os actuais obstáculos à natalidade com que as famílias se
deparam.
Álvaro Carvalho
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