sábado, 16 de agosto de 2014

ESCUTAR A VIDA



Caríssimas e caríssimos,

a reflexão de ESCUTAR A VIDA recorda-nos a queda significativa de nascimentos no nosso país – “em quatro anos perdemos 20 mil nascimentos…” –, a propósito a publicação recente de um relatório sobre política de natalidade (*). Álvaro Carvalho todavia anota: “A maioria dos casais jovens” apontam na generalidade dos inquéritos e dos estudos que desejariam “ter mais filhos do que os que têm”. Ninguém ignora que numa sociedade, o exercício da confiança no seu futuro realiza-se também, e de modo significativo, na esperança dos índices de natalidade.

No nosso quotidiano de “vizinhos entre vizinhos” escutamos mulheres a queixarem-se de não terem sido admitidas numa empresa, por não “garantirem” à entidade patronal que não engravidariam; casais a lamentarem o despedimento da mulher, após ter sido mãe; mulheres a serem penalizadas, com medidas coercivas, por necessitarem de acompanharem filhos a consultas, a estarem presentes em reuniões nas escolas; de serem ameaçadas com castigos se, em dias de horas extraordinárias, saem para ir buscar os filhos aos infantários... Os exemplos poder-se-iam multiplicar.

Quando, no momento presente, a legislação é ignorada mesmo pelo Serviço Público, como agir? Como ser fermento de transformação das mentalidades e dos corações? A dignidade humana exige-nos presença fraterna e diálogo actuante…

Fraternalmente,
grão de mostarda
(*) Consultar documento em www.porto.ucp.pt/central-noticias


Que FUTURO?





Foi apresentado há cerca de um mês o relatório sobre Política de Natalidade para Portugal, coordenado pelo Prof. Joaquim Azevedo. ”Por um Portugal amigo das crianças, das famílias e da natalidade”, considerado por muitos analistas como um excelente estudo, o seu debate foi completamente “abafado” pelas notícias do escândalo financeiro de um importante grupo económico do nosso país.


A baixa da natalidade desperta em mim grande preocupação, não só porque como diz o poeta: “…mas o melhor do mundo são as crianças…” (“Liberdade”, de Fernando Pessoa), mas também pelas implicações que a baixa de natalidade representa para cada um de nós e para o país.


Em quatro anos perdemos 20 mil nascimentos, fenómeno que não acontece em países como a Irlanda, o Reino Unido, a França, a Suécia, a Finlândia e a Noruega.


Portugal tem sofrido profundas mudanças de valores e atitudes: a idade média do casamento e a idade da mãe quando do nascimento do 1º filho (cerca dos 30 anos); o número de divórcios, bem como a proporção do número de abortos por gravidez – em 80 mil nascimentos, cerca de 16 mil interrupções voluntárias da gravidez (IVG) representam uma taxa de 20%, acrescendo que à volta de 40% das mulheres que fizeram IVG não têm filhos. 


Desta análise muito sumária resulta que é necessário e urgente medidas que removam os obstáculos à natalidade desejada. Dado que a maioria dos casais jovens têm referido, em todo o tipo de inquéritos e de estudos, que querem ter mais filhos do que os que têm, duas perspectivas se tornam claras: o problema tem solução; a solução mais adequada, em termos de políticas públicas, mais do que criar incentivos, é remover os actuais obstáculos à natalidade com que as famílias se deparam.



Álvaro Carvalho

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