Caríssimas e
caríssimos,
O que “fazemos” dos votos de Ano Novo Feliz que expressámos
na noite de 31 de Dezembro? Paula Constantino propõe um caminho: “Começo por
perceber que este desejo de mudança tem que acontecer primeiro, e antes de
tudo, no meu interior…”. Do desafio da proposta evangélica – “é preciso nascer
de novo” – germina o desejo de mudança, sustentado nas palavras do poeta:
“Partimos. Vamos. Somos” (ver ANEXO).
Com estima fraterna,
grão de mostarda
Mudança de
coração
Entrámos no Ano
Novo e, como de costume, com ele vêm os votos de um “Feliz Ano Novo, que tudo
corra bem, que não nos aconteça nada de mal”, ou ainda, o desejo de “Ano Novo,
vida nova”.
Tenho reflectido sobre isto nestes dias que
são os primeiros deste ano 2013, e pergunto-me a mim mesma o que fazemos nós
destes desejos, que sentido têm para a nossa vida ou, indo um pouco mais ao
fundo da questão, pergunto-me: afinal o que é que muda em mim? Esta é, para mim,
a questão fulcral, porque põe em evidência aquilo que é, deve ser, o essencial
na minha vida.
E de que essencial estou eu a falar? Apenas
na mudança de folha de calendário, ou na mudança de atitude que me leva à
mudança do coração? Aqui está para a mim a essencialidade: mudar o coração. E
esta atitude conduz-me ao meu inquieto interior para tentar perceber onde é
necessária esta transformação.
Começo por perceber que este desejo de
mudança tem que acontecer primeiro, e antes de tudo, no meu interior, e que
isso exige uma seriedade enorme sobre o juízo que faço de mim própria,
aceitando, por um lado, as minhas fragilidades, e por outro, intuindo o que eu
preciso inevitavelmente de mudar.
Mas esta mudança não acontece verdadeiramente
se eu não me deixar envolver pelo Amor de Deus que é Pai, e que por isso se
mostra sempre disponível para o perdão e a
ternura, com uma complacência tantas vezes desconcertante, própria de quem
caminha com uma filha pela mão que sabe muitas vezes frágil e insegura, mas com
a certeza do caminho por onde seguir.
Jesus disse a Nicodemos: “Não te admires por
Eu te haver dito: Tendes de nascer de novo. O vento sopra onde quer; ouves a
sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que
nasceu do Espírito”, (João 7-8)
“Tendes de nascer de novo”. Este é o desafio
que ele me lança quando faz nascer em mim este desejo de mudança. Os meus
gestos, as minhas atitudes, as minhas palavras e o meu coração têm que ser
sinal dessa mudança que ele opera em mim. Como diz o poeta:
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
─ Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião
da Gama
Um
bom ano para todos,
Paula
Constantino
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