Caríssimas e
caríssimos,
Nesta semana, Emília Pinto
adentra-nos numa experiência de vida… (ver ANEXO) A vida de “heróis” que
ultimamente se vão cruzando na sua história. “Com eles vou cultivando mais
Vida”, revela-nos nesta reflexão-oração, da qual retemos a gratidão pela “coragem
e a vontade” dos seus “heróis” cegos… Eles que “ensinam a ler a vida com
encanto…”, expresso em “novos toques, novas cores…”
Com estima fraterna,
grão
de mostarda
Da minha experiência…
Desta vez a minha reflexão vem da
experiência que tenho vindo a fazer que é descobrir o significado e a diferença
entre a palavra cego e a palavra invisual.
Acho que isto ainda diverge nas opiniões, não pretendo com isto impor uma
maneira de pensar, é mesmo só uma partilha.
Descobri que a palavra
invisual não é sinónimo de cego. Não é correcta a sua utilização. Invisual é o que não se vê e cego é O que não vê. Dizer a um cego que é invisual, é o mesmo que lhe dizer que o próprio é
invisível. Digo isto porque tenho amigos cegos, que respondem sempre a quem lhes
chama invisual: "Eu sou cego(a), não sou invisível!" Sabemos que
quem usa esta palavra não a usa com essa consciência, mas também sabemos que
quem a usa, é por ter um certo "pudor" à palavra cego. Não é
intencional, achamos que, ocultando a realidade, nos tornamos mais delicados…Eu
própria já a usei muitas vezes, ou então trocava-a pela palavra ceguinho.
Esta é outra palavra que comecei a evitar por descobrir que “ceguinho
ou ceguinha" pode associar-se ao “coitadinho”. E por isso, agora, tenho
plena consciência que de coitadinhos não têm absolutamente nada.
Ainda na utilização da palavra
invisual, se pensarmos bem, para além da inconsciência que referi,
sobrepõe-se uma outra inconsciência que é a de a utilizarmos de
acordo com a nossa maneira de pensar relativamente ao cego. Ou seja, será mesmo
que o estamos a VER na sua condição de auto-suficiência? Na verdade a
nossa falta de conhecimento ou os nossos preconceitos, não nos deixam ver a
realidade no seu melhor. E a questão não é a do empregar palavras certas ou
erradas, mas o que ainda está por baixo disso.
Nestes últimos anos, tenho tido
um indescritível privilégio de conhecer e encantar-me com a verdadeira
realidade dos cegos. São pessoas de uma autonomia admirável e incrivelmente
inspiradoras e criativas! Costumo dizer que são os meus Heróis.
Nas próximas vezes tenciono dar
testemunho de histórias com rosto. Verdadeiros exemplos de vida, e curiosamente
espantosas. Por agora e por falar em Heróis, lembrei-me de uma carta/oração que
escrevi no dia 30 de Abril passado e que deixo aqui:
Hoje, especialmente, quero agradecer-te pelos meus Heróis. Sim, aqueles
mesmos! Não os ditos sábios de renome e reconhecidos, mas os que ultimamente
vais cruzando na minha história e com eles vou cultivando mais Vida. Aqueles
heróis que lutam contra a escuridão contínua, faça dia ou noite, procurando ver
o Sol e a Lua de outro jeito, onde também estás a dar-lhes a mão em busca dessa
Luz, tenho a certeza absoluta! Ou senão era impossível eles VEREM o que vêem...
Oh meu Jesus, como lhes Tocas para eles VEREM assim? Admira-me a coragem e a
vontade deles na integração e aceitação diante da realidade, nas relações
interpessoais, na facilidade de proximidade com o outro, a capacidade de humor,
o riso de si próprios diante de cada obstáculo que enfrentam...
Oh meu Jesus, nosso Irmão, como lhes enches o coração de frescura nova,
de uma alegria imensa de viver, de um despertar de novas conquistas, de novos
toques, novas cores, novos ouvidos, novas formas de apreender tanta vida. Uma
Vida que vai sendo renovada e partilhada em sabedoria e talentos, oferecida de
graça e por GRAÇA a cada irmão que vai chegando...
Estes são os meus heróis, porque não aceitam restrições por parte dos que não sabem do que falam, escolhem crescer em vez de desistirem, deixam-se guiar por horizontes de vida que lhes dão segurança e firmeza através da esperança e gratidão que brota a cada dia nos seus corações.
Estes sim, são os meus verdadeiros heróis: os que me ensinam a ler a
vida com encanto, me inspiram a reinventar a beleza das cores, me motivam a
caminhar, me estimulam na descoberta da sensibilidade de um simples toque...
Oh meu querido Irmão mais velho, como eles me deixam maravilhada...e tenho a certeza que Tu vives neles e com eles e te maravilhas e encantas também.
Acho que não sou só eu que experimento a cada dia, histórias destes e de tantos outros heróis anónimos por aí espalhados em tantos lugares e em diversas circunstancias. Basta só estarmos atentos.
Por isso, Jesus, hoje tirei o dia para agradecer-te este privilegiado
dom de descoberta nas nossas vidas e para estar em comunhão com eles e contigo.
Tu Jesus, que és Luz e Amor, Caminho, Verdade e Vida, ilumina o nosso coração
para que sejamos sempre motivo de alegria, de paz e esperança.
Obrigada Jesus.
Emília Pinto
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