Caríssimas e caríssimos,
Semana após semana,
desde que em Maio se iniciaram, as reflexões ESCUTAR A VIDA foram surgindo, de
modo plural, despertas para o mais profundo da vida escutada. Cada texto
reconduziu-nos, por entre a obscuridade que nos vai preenchendo as páginas do
momento presente, a caminhos de amabilidade, a partir de experiências pessoais
ou de leituras do quotidiano que Ricardo Brochado, José Rodrigues e Assunção
Bessa, Paulo França, Álvaro Carvalho e Paula Guerreiro foram fazendo… No
próximo sábado, Paula Guerreiro dará continuidade a este ciclo de reflexões.
Esta nossa reflexão deveria
ter sido ontem enviada. Pedimos desculpa (ver ANEXO).
Fraternalmente,
grão de mostarda
CONVERTER O CORAÇÃO
“Eu mesma já fui atacada na frente de
policiais de alto escalão e nada foi feito. Eu conheço o sistema, e ele tem
fracassado com as mulheres da Índia.”
A denúncia, que há dias chegou por mail, é
feita por Alaphia, militante da Avaaz (*) na Índia, após o conhecimento público
de mais duas meninas terem sido vítimas de violação sexual, no dia 27 do mês
passado. Quando as adolescentes, uma
de 14 e outra de 15 anos, desapareceram, o pai de uma delas foi à esquadra da
Polícia, implorando de joelhos por ajuda. “Eles (os agentes) riram do homem e
mandaram-no de volta para casa”, refere a militante da Avaaz, acrescentando
que, no seu país, em cada 22 minutos uma mulher é violada… com a complacência
da Polícia, dos tribunais e dos responsáveis políticos, escreve Alaphia.
Aos
clubes que disponibilizaram jogadores para o Mundial 2014, no Brasil, a FIFA
garante mais de 70 milhões de euros para seguros de saúde, caso algum dos seus
futebolistas fique lesionado. Mas logo no primeiro dia de início deste
megaespectáculo financiado por empresas que exploram milhares de trabalhadores
em todo o mundo, é-nos dado ver um vídeo no qual, perante uma pequena multidão
de pobres (“apenas cerca de 50”, garantia a Polícia) era atacada por cerca de
uma centena de agentes…
Estes acontecimentos evocam uma
passagem da CARTA EM BUSCA (1), que enviámos em Janeiro deste ano: “Não serão,
certamente, os grandes feitos que semearão a esperança no terreno da morte e da
violência, como parece haver, por vezes, a tentação de fazer em tempos de
desilusão social. A nossa fragilidade tornar-se-á consciência de uma conversão
de coração que nos fortalecerá na busca de caminhos fraternos…”
Como caminhar neste sentido? “Fazendo a experiência da solidariedade com outros, a
experiência da pertença uns aos outros”, perceberemos que “a bondade
descobre-se não em ‘cada um por si’, mas em investir na solidariedade entre os
humanos” (2).
Só assim iremos convertendo os
corações… “De nós depende uma nova soberania, construída a partir do presente.
Uma soberania nascida do nosso interior mais profundo, porque depende da nossa
vontade, da nossa convicção” (da CARTA EM BUSCA).
(*) A Avaaz é uma rede de campanhas globais de
36 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da
sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais.
("Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias
línguas). A Avaaz tem militantes em todos os países e a sua equipa permanente
está espalhada em 18 países. Endereço: www.avaaz.org
(1) O seu conteúdo é fonte de inspiração para o Encontro de Verão deste
ano do grão de mostarda, a realizar a
12 de julho, dedicado ao tema: “Novas alternativas em tempos de mudança”
(2) Irmão Aloïs, “Um
dinamismo de solidariedade” (Julho 2012).
Ver:
http://www.taize.fr/pt_article14171.html
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