Caríssimas e caríssimos,
a reflexão de Álvaro Carvalho sobre crianças institucionalizadas
(mais de oito mil em Portugal), colocou-nos a pergunta: por que existem
crianças institucionalizadas? (ver ANEXO). Não há somente uma “razão”, mas múltiplas
e que entre si se cruzam… Mas todas elas nascidas de situações de profunda dor,
pela inexistência de afectos.
Recentemente, amigos nossos fizeram-nos chegar um texto do
psicólogo brasileiro Arthur Nogueira, no qual se reconhece: “A ausência de elogio
está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos mais os homens a elogiar as
suas mulheres ou vice-versa, não vemos os chefes a elogiar o trabalho de seus
subordinados, não vemos mais pais e filhos a elogiar-se…”
O elogio – a palavra boa, o falar com bondade – parece ter
desaparecido… por falta de confiança. A confiança na vida, em nós próprios e
nos outros (a partir da família) é fermento e chama que alimentarão e
iluminarão o que dá sentido ao nosso viver: o amor. Talvez algumas das pessoas
que vivem a falta de confiança, o (des)amor são das nossas famílias, nossos
companheiros de trabalho, vizinhos…
Fraternalmente,
grão
de mostarda
DA FALTA DE AMOR…
Mais de oito mil crianças, no nosso país,
estão institucionalizadas. Ou seja, isto significa que vivem retiradas do seu
ambiente natural familiar… Esta realidade levou-me a trazer à nossa reflexão
excertos de um trabalho realizado por duas psicólogas, Marta Oliveira e
Cristina Camões, intitulado: “As crianças Institucionalizadas – o outro lado da
sociedade”.
“A família é a
primeira etapa de socialização da criança, é o contexto educativo onde aprende
e sente as normas, valores sociais, culturais e valores emocionais. A família é
uma base de aprendizagem, que produzirá na criança um processo de
desenvolvimento cognitivo, sensorial, motor e afectivo. Na medida em que ‘A
vida familiar é a nossa primeira escola de aprendizagem emocional’ (Goleman,
1995).
Reflectindo
sobre o tema leva-nos a achar que as crianças institucionalizadas são privadas
do seu espaço subjectivo, dos seus conteúdos individuais, da realidade dos
vínculos afectivos. São despojadas de experiências sócio psicológicas da
normalidade infantil. A sensação é de vazio, a dor, às vezes a indiferença, ou
a perplexidade. São filhos da solidão… o sonho destas crianças é terem uma mãe
e um pai.
E por não
entenderem bem as angústias do mundo, a sua personalidade está cheia de
contradições.”
Também um recente estudo da Escola de
Psicologia da Universidade do Minho – “Desorganização e Comportamentos
Perturbados de Vinculação num grupo de crianças portuguesas
institucionalizadas” – salienta que aquelas crianças têm dificuldade em criar
laços afectivos com quem cuida delas, apontando que a solução está em
alternativas de cariz familiar, nomeadamente a adopção.
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