Caríssimas e
caríssimos,
as reflexões DE ONDE SOPRA O
VENTO... não têm regularidade. Pensámos que, aqueles a quem solicitámos
estas reflexões, deveriam ter a liberdade interior para connosco partilhar a
busca de sentido… a escuta do Vento.
O título foi-nos sugerido a
partir do encontro de Nicodemos com Jesus (ver evangelho de João 3, 1-17).
Depois de Nicodemos, alto funcionário do sistema do Templo, se interrogar:
“Como é que um homem idoso pode voltar a nascer?”, Jesus deixou-o com uma das
mais belas palavras sobre a liberdade interior: “...Não te admires por eu te
dizer que todos devem nascer novamente. O vento sopra onde quer; ouves o seu ruído,
mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece também com aquele
que nasce do Espírito”.
No tempo presente, e no dia de
hoje em que celebramos o AMOR, a reflexão de Cristina Fabião (ver ANEXO) anuncia-nos,
pela voz de Thiago Melo que “a opressão apodrecerá”. Toda a opressão,
particularmente a que NASCE nos nossos corações. Por isso se propõe:
DESISTIR, MORRER, e assim permitiremos ao AMOR inventar “um rumo de certeira
rebeldia”, como foi a vida de Jesus.
Com estima fraterna,
grão
de mostarda
A OPRESSÃO
APODRECERÁ
A opressão apodrecerá
antes do fim do Verão.
Cada dia que chega,
Com sua rosa e sua canção,
Vai minando devagarinho
(tu estás vendo e muito mais hás-de ver)
Os esteios que escoram os muros
Da ferocidade escura.
No chão verde da várzea,
Rasgando o canavial,
O amor inventará
Um rumo de certeira rebeldia.
“Canto do Amor Armado”,
de Thiago de Melo,
Como é difícil desistir das nossas
convicções, as convicções de uma vida, para podermos acolher, com bons olhos,
as convicções dos outros!...
Contra elas, por vezes, nos erigimos, nos
construímos, nos diferenciámos. Desistir dessas verdades (dessa “ferocidade
escura”) que queremos manter como se a Verdade fossem, parece equivalente a
deixar de viver, a deixar de lutar, quando estamos apenas lutando por conservar
a nossa maneira de entender o Caminho acima da maneira que a outra pessoa tem
de O entender.
Desistir, para poder acolher e entender o
outro, será uma benção que não poderemos alcançar sozinhos.
Peço-a para mim; peço-a para nós. Que nessa
passagem pelas pequenas/grandes mortes nos encontremos no seio Daquele que está
em tudo e em todos.
Cristina Fabião
Foto: vitral da
igreja da Reconciliação, Taizé
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