terça-feira, 25 de dezembro de 2012

DE ONDE SOPRA O VENTO?



Caríssimas e caríssimos, 

as reflexões DE ONDE SOPRA O VENTO... não têm regularidade. Pensámos que, aqueles a quem solicitámos estas reflexões, deveriam ter a liberdade interior para connosco partilhar a busca de sentido… a escuta do Vento. 

O título foi-nos sugerido a partir do encontro de Nicodemos com Jesus (ver evangelho de João 3, 1-17). Depois de Nicodemos, alto funcionário do sistema do Templo, se interrogar: “Como é que um homem idoso pode voltar a nascer?”, Jesus deixou-o com uma das mais belas palavras sobre a liberdade interior: “...Não te admires por eu te dizer que todos devem nascer novamente. O vento sopra onde quer; ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece também com aquele que nasce do Espírito”.

No tempo presente, e no dia de hoje em que celebramos o AMOR, a reflexão de Cristina Fabião (ver ANEXO) anuncia-nos, pela voz de Thiago Melo que “a opressão apodrecerá”. Toda a opressão, particularmente a que NASCE nos nossos corações. Por isso se propõe: DESISTIR, MORRER, e assim permitiremos ao AMOR inventar “um rumo de certeira rebeldia”, como foi a vida de Jesus.

Com estima fraterna,

grão de mostarda


A OPRESSÃO APODRECERÁ

A opressão apodrecerá
antes do fim do Verão.
Cada dia que chega,
Com sua rosa e sua canção,
Vai minando devagarinho
(tu estás vendo e muito mais hás-de ver)
Os esteios que escoram os muros
Da ferocidade escura.
No chão verde da várzea,
Rasgando o canavial,
O amor inventará
Um rumo de certeira rebeldia.

“Canto do Amor Armado”,
de Thiago de Melo,


Como é difícil desistir das nossas convicções, as convicções de uma vida, para podermos acolher, com bons olhos, as convicções dos outros!...

Contra elas, por vezes, nos erigimos, nos construímos, nos diferenciámos. Desistir dessas verdades (dessa “ferocidade escura”) que queremos manter como se a Verdade fossem, parece equivalente a deixar de viver, a deixar de lutar, quando estamos apenas lutando por conservar a nossa maneira de entender o Caminho acima da maneira que a outra pessoa tem de O entender.

Desistir, para poder acolher e entender o outro, será uma benção que não poderemos alcançar sozinhos.
Peço-a para mim; peço-a para nós. Que nessa passagem pelas pequenas/grandes mortes nos encontremos no seio Daquele que está em tudo e em todos.

Cristina Fabião


Foto: vitral da igreja da Reconciliação, Taizé

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