Caríssimas e
caríssimos,
o actual
“momento mágico” de Paula Constantino constitui um testemunho de
esperança – “a minha experiência da vitória do cancro”, tal como ela considera
a caminhada que fez até aqui… Na sua primeira reflexão para Escutar a vida (ver
ANEXO), faz eco da sua atitude perante a doença: sempre conduzida
pela não desistência.
Esta sua
experiência foi, e continua a ser, uma jornada de esperança. De uma esperança
que convoca o coração “a encontrar um sentido para a nossa vida”.
Com estima fraterna,
grão de mostarda
Testemunhas da
Esperança
Ao iniciar a
minha participação no “Escutar a Vida” quero fazê-lo de uma forma positiva,
porque bela é a vida e tudo aquilo que a rodeia.
Permitam-me que partilhe convosco
uma pequena experiência, que tem sido para mim uma enorme escola de vida e de
Esperança. Há quatro anos e meio foi-me diagnosticado um cancro da mama grave.
Fui operada, fui aos tratamentos de quimioterapia e radioterapia e, quando no
final, disse ao médico que tudo tinha decorrido como o previsto, ele respondeu-me:
“É muito bom sinal”.
Do medo e da angústia passei à
Esperança, porque acreditei sempre que sem ela era mais difícil vencer esta
batalha. Com a presença e apoio da minha família, dos amigos e de tantos
outros, fui ultrapassando os obstáculos que esta doença por vezes coloca na
nossa vida.
Ir às consultas ou fazer exames é
sempre algo que me torna ansiosa, pela expectativa do resultado e pelo que o
médico me pode comunicar. Felizmente que as notícias foram sempre boas: “Está
tudo bem”.
Agora, e ao fim deste tempo, fui
novamente ao médico e, no meio do turbilhão da ansiedade, cheguei à consulta e
ouvi o seguinte do médico: “As suas análises estão excelentes e os exames
também”.
Foi um momento mágico, este. Foi
a primeira vez que ouvi isto do médico. Fiquei absolutamente feliz. Venci o
cancro. E nada melhor do que isto para perceber o verdadeiro significado da
palavra Esperança e de como ela faz todo o sentido na nossa vida. Nunca como
agora afirmo com toda a força e consciência que desistir nunca, jamais em tempo
algum, porque desistir nos impede de trilhar novos caminhos, de escutarmos o
nosso próprio coração e de irmos até onde ele nos quer levar.
Viver com esta doença é sempre
difícil. Pela incerteza do sucesso ou insucesso, pela quantidade de questões que
nos caem em cima e que é preciso aprender a gerir e lidar: o medo, a angústia,
as emoções, a parte psicológica, etc., e isso permite-nos ter um outro olhar
sobre o valor da vida e daquilo que é o essencial.
É por isso que tão importante saber estar com as pessoas
que passam por esta experiência. Podemos não ter resposta no momento, mas não
as podemos deixar de mãos vazias, isto é, sem um sinal de Esperança, mas uma
Esperança atuante, que vai, interpela, busca e envia a encontrar um sentido
para a nossa vida, maior do que a doença, porque a esperança passiva, que fica
à espera de que tudo se resolva, essa não chega a lado nenhum a não ser ao
conformismo, que não é de todo solução para nada.
Quero aqui deixar, também, a minha homenagem a todas e
todos que, tendo lutado e se empenhado tanto para vencer esta doença, mantendo
a chama da esperança viva até ao limite das suas forças, não conseguiram
vencer. Acreditaram sempre, foram vencidos por uma luta desigual…
Vale a pena acreditar, vale a pena ter Esperança.
Paula Constantino
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